02/10/2013

Alegria é ser CAPS.

Existem algumas coisas que acontece na vida da gente par anos provar que Deus escolhe e nos dá exatamente aquilo que merecemos.
Tenho sorte pro ter nascido em uma família musical, talentosa e cheia de artistas. E eu, com meu pouco talento vivo correndo atrás, buscando crescer como artista e como ser humano também. 
quando fui trabalhar com o Prefeito Naldinho, tinha em contrato duas obrigações: montar um espetáculo da Paixão de Cristo e um outro, o Auto do Natal. Este está em andamento e o outro aconteceu durante a Páscoa de 2013.
Porém, como meu contrato também levava a prestar consultoria em outros setores e secretarias, me pego agora coordenando o grupo de teatro dos agentes de saúde, AGENTES EM AÇÃO e interferindo terapêuticamente com os pacientes do CAPS através da arte. Me encantei. 
Me emociono e me surpreendo com os resultados adquiridos, cada conquista, cada momento compartilhado, inclusive os menos doces.
Trabalho em equipe que traz alegrias e felicidades à grande maioria dos paciente.
Estamos incluindo alguns dos paciente no espetáculo CRUZADA, A GUERRA DA PAZ, que estamos em  processo de pré produção dentre outras atividades.
Outras ações estamos desenvolvendo.
Nossa oficina de máscaras de papel é uma delas. Esta será o motivo principal do evento em comemoração ao Dia Mundial da Saúde Mental que ocorrerá em outubro e será um grande vento no próprio CAPS 1.
Todos participaram e se empolgam. O contato com o outro, o contato e as sensações do molde em gesso confeccionado por todos lhes dá uma intimidade, e os fazem perder o medo do toque, do carinho em um e desenvolve a segurança no companheiro que muitas vezes lhes foi roubada nas suas casas, nas ruas. 
Vê-los sorrir, curtir o molde molhando suas faces, o fato de fechar o olhos e entrar em contato com seu eu interior os fizeram rir, divertirem-se e brincar.
E isto me felicita, e dá a toda a equipe a certeza que este programa é importante para todos inclusive  para nós.
A loucura é apenas uma forma sinceramente subjetiva de se ver as coisas.

By Rosinaldo Luna

Edital de Apoio as Bibliotecas Comunitárias e Pontos de Leitura - 2013.



Lançado o Edital de Apoio as Bibliotecas Comunitárias e Pontos de Leitura - 2013. O edital tem o objetivo de ampliar o acesso à informação, à leitura e ao livro através da modernização e qualificação de espaços e serviços das bibliotecas comunitárias e pontos de leituras.
Serão selecionadas 100 (cem) propostas e cada uma delas ganhará o prêmio de R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais). As inscrições ficarão abertas por 30 dias e deverão ser realizadas por meio do Sistema de Gestão de Projetos do MinC - SALIC-WEB.
O Edital dá a oportunidade para que as instituições, ou pessoas físicas responsáveis por Bibliotecas Comunitárias, ou Pontos de Leitura, apresentem uma proposta dentro de um dos 6 (seis) eixos abaixo relacionados:
Eixo 1 – Ação Cultural - manutenção de ações culturais regulares, ou criação de novas ações culturais voltadas para a dinamização dos espaços da Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura.
Eixo 2 – Aquisição de Bens - aquisição de acervo, mobiliário e equipamentos para a qualificação dos espaços e serviços da Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura.
Eixo 3 – Serviços - organização e tratamento do acervo e, informatização dos serviços de controle e empréstimo dos livros da Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura.
Eixo 4 – Formação de pessoal - capacitação de funcionários e gestores para atividades específicas no campo da leitura, da biblioteconomia e da gestão de espaços culturais, com vistas a qualificação dos serviços prestados pela Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura.
Eixo 5 – Mobilização - ações de envolvimento e mobilização da comunidade na gestão da Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura.
Eixo 6 – Manutenção - manutenção do espaço e dos serviços da Biblioteca Comunitária e/ou Ponto de Leitura


Prêmio de Dança Klauss Vianna /2013


 

Inscrições até 18 de outubro

Mais um edital de cultura aberto, e espero, pela tradição de dança que nossa cidade mantém termos algum artista interessado em participar. Participar de editais, por si só, já é uma experiência. A possibilidade de ser contemplado em um só ocorrerá se você participar. Então, vamos parar de reclamar e nos mexer?...

A Fundação Nacional de Artes – Funarte publica, na edição desta terça (3/9) do Diário Oficial da União, a portaria que institui o Edital do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna /2013. Serão selecionados 82 projetos em três categorias: A) circulação nacional de espetáculos; B) atividades artísticas de artistas consolidados e C) atividades artísticas de novos talentos. Os prêmios variam entre R$ 44 mil e R$ 100 mil. O investimento total é de R$ 6 milhões.
Podem concorrer associações, cooperativas, companhias, coletivos, grupos, empresas ou micro empreendedor de natureza cultural, além de artistas independentes. As inscrições estarão abertas até o dia 18 de outubro.


Edital PRÊMIO FUNARTE DE DANÇA KLAUSS VIANNA
Acesse aqui a Portaria

Acesse abaixo as fichas de inscrição no formato rtf
Ficha de Inscrição CATEGORIA A (rtf)
Ficha de Inscrição CATEGORIA B (rtf)
Ficha de Inscrição CATEGORIA C (rtf)

Acesse abaixo as fichas de inscrição no formato word
Ficha de Inscrição CATEGORIA A (word)
Ficha de Inscrição CATEGORIA B (word)

11/09/2013

Reportagem especial sobre a falada crise na criação

Revista de Cinema.


Reportagem especial sobre a falada crise na criação
Nunca houve tanto dinheiro disponível para a produção audiovisual no Brasil. Rodando mais de 100 filmes por ano e com o mercado televisivo aquecido por conta da lei da obrigatoriedade da TV paga, o país se vê frente a uma crise: temos dinheiro, mas temos conteúdo para tanta produção? Existem histórias boas o suficiente e bem construídas que possam interessar a alguém? Tais questionamentos começaram a ser levantados pelas emissoras televisivas frente à obrigação de passar 3h30 semanais de conteúdo brasileiro qualificado. Muitas alegavam não haver projetos bons para figurarem em suas grades. As produtoras audiovisuais, por sua vez, alegaram, em parte, que falta ao nosso audiovisual bons roteiros e bons roteiristas para cumprir toda essa demanda. Roteiristas, por sua vez, declararam que falta estrutura e valorização ao trabalho. Se há mesmo uma crise de criação, a questão é saber o porquê disso e aonde se precisa melhorar.
A questão não é a falta de roteiristas
Para o roteirista de cinema e TV, presidente da Associação de Roteiristas (A.R.), ex-Secretário do Audiovisual e contratado como autor da TV Globo, Newton Cannito, existem sim problemas de roteiro no audiovisual brasileiro, mas os roteiristas não podem ser considerados os únicos bodes expiatórios. “Todo mundo entendeu a importância do roteiro. Mas poucos entenderam a do roteirista. Com certeza temos problema de roteiro. Mas não consigo dizer que faltam roteiristas. Pode até ser que falte. Mas conheço dezenas de roteiristas aptos que se formaram para fazer seriados e desistiram de trabalhar com produção independente pelas péssimas condições que ela oferece”, afirma. “Quem tem feito os roteiros das séries não são roteiristas, são os donos da produtora e/ou os diretores de publicidade. Eles contratam jovens como colaboradores de roteiros para atuar como datilógrafos de luxo. Isso não funciona. Não falta roteirista. Falta dar poder ao roteirista”, pontua enfaticamente. Essa é uma das razões que o levaram para a TV Globo. “Para roteirista, só a Globo salva. Hoje é a única empresa que valoriza a carreira de roteirista. Eles chamam inclusive de autor-roteirista, enfatizando o autor. Passei 10 anos apostando em séries e produção independente. Apanhei muito e percebi que o certo mesmo era atuar na Globo. Lá, estou começando de novo, mas já vejo várias novas perspectivas. Estou atuando em colaboração em novelas e tentando emplacar seriados”, explica.
NEWTON CANNITO: “Todo mundo entendeu a importância do roteiro. Mas poucos entenderam a do roteirista. O produtor criativo é o cara que a vida toda fez a contabilidade da empresa e agora quer fingir que é roteirista”. © Flora Pimentel
O roteirista Braúlio Mantovani, responsável por “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite 2”, entre outros, concorda com Cannito. “Tanta reclamação não pode ser à toa. Mas por que faltam roteiristas? Seria falta de talento? Acho improvável. Veja que essa afirmação diz respeito ao cinema – e agora à produção independente de séries, que segue o mesmo modelo do cinema. Eu nunca ouvi as pessoas do meio dizerem: ‘Faltam autores de novela’. Se o problema fosse falta de talento, faltariam autores/roteiristas para tudo. Se a falta existe apenas na produção de cinema e de séries realizadas pelas mesmas produtoras que fazem os filmes, talvez a explicação esteja no modelo de produção. Roteiristas no Brasil não têm reconhecimento autoral e ganham mal. Ganham muito mal. Por isso, trabalham em muitos projetos, escrevem com muita velocidade, não têm tempo para reescrever – o que é fundamental em qualquer roteiro, seja qual for o talento do autor”, aponta.
O que falta é mercado
Se por um lado as condições ruins de trabalho exigem uma velocidade não condizente com qualidade, ainda dividido em vários projetos, a profissão de roteirista profissional – que só faz roteiros – não tem tradição no Brasil. “A profissão de roteirista é algo novo na nossa cultura. Uma pessoa investir anos estudando para ser roteirista era bem menos cogitado há 10 anos. Temos vários bons roteiristas, mas na maioria das vezes ou são contratados fixos de alguma emissora ou muitas vezes estão ocupados em outros trabalhos. Ser um bom roteirista exige, além do talento, bastante trabalho e estudo. A prática também traz experiência e agora estamos conseguindo ter um mercado com um volume de trabalho que vai permitir dar quilometragem para muitos profissionais”, afirma Andrea Barata Ribeiro, produtora da O2 Filmes, que crê faltarem também profissionais de outras áreas, como produtores executivos. “Concordo que muitos projetos, inclusive alguns que produzi, têm problemas no roteiro. A experiência, bem como a formação acadêmica, pode ajudar bastante. Um pouco de humildade também faz bem. Muitas vezes converso com colegas que se acham sensacionais ou totalmente preparados para qualquer coisa. Não é bem assim. Temos um caminho a percorrer”, complementa.
ANDREA BARATA RIBEIRO: “O desenvolvimento dos roteiros para cinema, geralmente, é bancado com algum prêmio, como o PAQ ou o PAR, por eles mesmos ou por uma parceria com algum distribuidor”. © Leo Lara
A roteirista e professora Ana Paul discorda veementemente da falta de roteiros ou roteiristas. “Fui jurada de vários editais e neles pude perceber a enorme criatividade que rola por aí. Tomar as decisões sempre é muito complicado, porque costuma ter pelo menos três vezes o número de projetos excelentes do que a possibilidade de premiação. O que falta é um mercado. Não um calculado pelo número de horas de audiovisual brasileiro na TV a cabo, mas um em que se movimente dinheiro. A média de valor para todas as etapas de uma produção de meia hora para cumprimento da lei é de R$ 30 mil para ficção e R$ 15 mil para documentário. Isso é muito pouco e precariza todo o setor. Nesse contexto, acaba se apelando para os iniciantes, que muitas vezes não têm experiência para tocar responsabilidades maiores. Além do mais, a atividade sofre muito com as incertezas a respeito dos rumos de uma produção, principalmente, em relação a orçamento e cronograma”, explica. Segundo Ana, tais acusações são frutos do tempo atual. “Há, de fato, um clima muito conservador e retrógrado na sociedade contemporânea, que algumas pessoas consideram pouco estimulante para a produção de uma arte que não seja de puro lazer ou entretenimento”, afirma.
ANA PAUL: “Temos bons roteiristas. O que falta é mercado e produtores mais criativos”
A formação do roteirista
Parece haver um consenso quando se diz que há bons roteiros e bons roteiristas no Brasil, em maior ou menor grau, assim como parece ser consenso que boa parte dos produtos audiovisuais brasileiros tem problemas diversos na estruturação dos roteiros. Com o aumento da produção, a necessidade por roteiristas e criadores passou a ser maior. Historicamente, no Brasil, o diretor é o roteirista, e isso continua forte. “Geralmente, isso acontece por três motivos. O mais óbvio é que ele se sente apto a escrever também, o que pode ser verdade ou não. Outro motivo é a desconfiança e o preconceito que existe contra o roteirista no meio audiovisual, como se ele pertencesse a um fã clube de adoradores do Syd Field, ávido por fazer um ponto de virada na página 27. Embora, infelizmente, esses adoradores de manuais realmente existam, a atividade de escrita de roteiro é infinitamente mais sofisticada que o reducionismo que inventaram por aí. Por último, muitos diretores gostam de escrever roteiros também para obterem esse pagamento no orçamento. Alguns se dedicam à produção pelo mesmo motivo, em vez de delegar a um profissional capacitado e exclusivo. Além disso, há diretores que exigem que o roteirista divida o crédito com ele, mesmo não tendo escrito nada, conseguindo assim metade da verba”, explica Ana Paul.
“Os nossos profissionais ainda são autodidatas, o que é plenamente justificável. O cinema perdeu muito espaço com o fechamento da Embrafilme e só voltou a ganhar espaço com a criação da Ancine. Neste período, filmes realizados por diretores que também eram autores e, muitas vezes, produtores eram na sua maioria autorais. Há a necessidade dos roteiristas trabalharem para os produtores, desenvolverem roteiros sob encomenda”, afirma o produtor do Grupo INK Paulo Schmidt.
PAULO SCHMIDT: “O produtor independente ainda não tem autonomia suficiente para escolher os seus projetos. Muitos projetos são abraçados por roteiristas por um cachê mínimo, os quais serão finalizados quando os projetos forem viabilizados”
A demanda nos últimos anos, porém, fomentou o interesse na área. Existem cinco pós-graduações exclusivas de roteiro no país, mais de 80 cursos superiores de audiovisual, nos quais há pelo menos dois ou três semestres de roteiro, além dos muitos cursos livres. Para Newton Cannito isso não basta. “No fundo, a formação nem deve ser de roteiro. Deve ser de escrita criativa e/ou narrativa mesmo. O conhecimento de roteiro é 90% igual ao conhecimento de literatura. Dez por cento é o específico audiovisual. Tem que estudar mais literatura e teatro para se formar em roteiro. Não temos no Brasil formação de escritores. Não tem faculdades para formar escritores. O curso de Letras forma professores. Cinema forma pessoas que sonham em dirigir. Escritores não existem. Formar-se em roteiro é algo que vem da base, da cultura, ler Dostoiévski, Flaubert, ver muitos filmes. É uma longa formação”, aponta, mostrando que o problema é mais embaixo.
Além da formação, outra coisa que parece precisar melhorar é o pleno entendimento da função do roteirista e de onde ele se insere no fluxo. “Ninguém entende o workflow de criação. Perceberam a importância da criação coletiva, mas estão usando isso para desvalorizar criativamente todos os criadores. No Brasil, o dono da produtora tem uma ideia simples do tipo ‘4 jovens em Recife’ e assina a criação da obra. Isso não existe em nenhum lugar. Entendemos a importância do produtor criativo mas invertermos o sinal. Nos EUA, o produtor criativo é o criador que deu tão certo, que virou produtor. No Brasil, o produtor criativo é o cara que a vida toda fez a contabilidade da empresa e agora quer fingir que é roteirista. Isso é tirar o poder da criação”, enfatiza Cannito.
As exigências do mercado
Nesse âmbito da comunicação e do entendimento das distintas funções, entra outra questão: produtor sabe avaliar roteiros? “Temos que analisar roteiros sob o ponto de vista do que o distribuidor de filmes e as TVs por assinatura buscam no mercado. Estamos amarrados estruturalmente. O produtor independente ainda não tem autonomia suficiente para escolher os seus projetos, já que a cota e os incentivos para a produção televisiva são muito pequenos e os veículos não dependem desta produção para o seus negócios. De qualquer forma, os projetos devem conter ingredientes mercadológicos, portanto, adaptações de literaturas conhecidas e biografias de personalidades – em especial da música e das artes – são boas fontes para bons projetos”, explica Paulo Schmidt. Para a diretora e também produtora e roteirista Tata Amaral, os roteiros são quase matemáticos. “Há fórmulas, a narrativa tem uma estrutura. Porém, o que realmente faz diferença é o que chamo de ‘intuição da história’. Uma boa história se intui”, pontua.
A roteirista Ana Paul acha que os produtores não sabem avaliar bons roteiros. “Sequer sabem ler roteiros no Brasil. Já vi muitos produtores falando bem de um roteiro problemático só porque o tema é relevante, assim como já notei também dificuldades de análise em projetos com uma narrativa mais delicada e complexa. Historicamente, a atividade foi relegada no Brasil a uma série de procedimentos pragmáticos e burocráticos, nos quais lidar com planilhas, calendários, orçamentos, leis, captações e prestações tomava todo o tempo. Não existia, até pouco tempo atrás, a figura de um produtor mais criativo. De qualquer maneira, ainda faltam sólidos conhecimentos de dramaturgia”, aponta.
A necessidade de se enquadrar em padrões pré-determinados também prejudica a inserção de roteiristas no mercado, assim como de desenvolver diferentes obras. “No cinema, há a necessidade de se criar histórias para outros gêneros, mas isto depende muito dos distribuidores. Eles estão definindo o gênero que o povo brasileiro deve assistir. A lei que estabelece uma cota para produção nacional na TV por assinatura requer conteúdos que estejam alinhados ao perfil e grades dos canais, como seriados, por exemplo, e neste formato os roteiristas brasileiros não têm experiência e formação”, diz Paulo Schmidt. “Cada vez mais, novas formas e novos talentos estão surgindo, mas nem sempre conseguem seu lugar no mercado ou, pelo menos, um destaque maior para suas atividades. Há, por exemplo, um crescente e interessante movimento de pessoas interessadas em trabalhar com horror no Brasil, mas muitas vezes são solenemente ignoradas na hora de captar verbas públicas, pois tem gente que torce o nariz para cinema de gênero ou, no mínimo, considera que o brasileiro ainda não tem capacidade para isso. Muitos jurados de editais preferem projetos com um viés sociológico mais explícito, o que é um absurdo, pois o gênero não precisa se isentar disso nem deve ser visto como uma arte menor”, complementa Ana Paul.
Falta valorização da profissão
Uma das maiores queixas dos roteiristas é a falta de valorização ao trabalho, não só como reconhecimento da importância da função na cadeia audiovisual, como especialmente no quesito monetário. “Lembro-me de minha mãe. Quando dei um livro a ela, que escrevi, ela disse: está vendo como foi bom estudar datilografia? Escritor é quem sabe datilografar rápido. Por incrível que pareça, os produtores pensam meio como minha mãe. Acham um absurdo pagar R$ 100 mil por 100 páginas de roteiro. O Brasil é o único país do mundo aonde o fotógrafo ganha mais que o roteirista. Na verdade, até o assistente de câmera hoje ganha mais que roteirista”, provoca Cannito.
“Os produtores trabalharam durante muito tempo com a ideia de risco zero que as leis de incentivo trouxeram e não estão acostumados a investir. É muito frequente que produtoras, mesmo de grande porte, chamem o roteirista para projetos, alegando que não há dinheiro algum e que a própria empresa está também se arriscando. Contudo, a função de um empresário é justamente se arriscar, correr atrás de negócios e investir. Um roteirista, por sua vez, não é um empresário, seu talento é apenas escrever, o que não é pouco. Para piorar, há roteiristas que topam o esquema unicamente por uma questão de sonho, já que, embora não haja pagamento, há um gigantesco capital simbólico envolvendo o ato de escrever”, afirma Ana Paul.
Essa é uma das razões de ela ter preferido projetos para cinema. “Se for para fazer algo no risco ou com pagamento reduzido, é preferível que seja algo mais autoral, já que não vejo nenhum sentido fazer um trabalho comercial ganhando pouco. Além disso, o trabalho de roteirista de TV é muito parecido com uma residência médica, com carga horária gigantesca”, complementa.
“Se você pesquisar os números, vai ver que o custo proporcional do roteiro é muito baixo. Roteiros deveriam custar 5% do orçamento de uma produção para tornar atraente a carreira de roteirista. Os que já estão no mercado poderiam trabalhar de maneira mais profissional (menos pressa, dedicação exclusiva a cada projeto). E jovens talentosos seriam atraídos para a carreira”, aponta Bráulio Mantovani. Quanto ao fluxo de trabalho, para ele, a relação diretor-roteirista deve ser equilibrada, horizontal. “Se produtores e diretores querem mais e melhores roteiristas, devem incentivar mudanças no modelo de produção. Devem estabelecer com os escritores a mesma relação que o Fernando Meirelles estabeleceu comigo quando escrevi meu primeiro longa, ‘Cidade de Deus’: colocou-me na posição de autor do roteiro (com a respectiva liberdade criativa) e me pagou um bônus quando o filme ficou pronto. Ganhamos quatro indicações ao Oscar. No caso do ‘Tropa de Elite 2’, Padilha me convidou para ser sócio do filme. Investi meu cachê no projeto. Fizemos mais de 11 milhões de espectadores. Ambos os filmes têm roteiros muito bons e fizeram sucesso. Nos dois casos, o modelo da relação diretor-roteirista-produtores é radicalmente diferente daquele que se pratica hoje no Brasil”, completa.
BRÁULIO MANTOVANI: “Mas por que faltam roteiristas? Seria falta de talento? Acho improvável. Roteiristas no Brasil não têm reconhecimento autoral e ganham muito mal. Por isso, trabalham em muitos projetos, escrevem com muita velocidade. Não têm tempo para reescrever”. © Aline Arruda
Visões do mercado para roteirista
Atualmente, no Brasil, o roteirista tem conseguido mais trabalho como script doctor – quando é contratado para “consertar” um roteiro, estruturando-o melhor – ou como roteirista de encomenda – quando o diretor ou o produtor tem a ideia, mas não tem tempo ou não se considera apto a desenvolvê-la. Roteiros também podem surgir de demandas específicas, como adaptação de um livro ou baseado em algum fato real. Em geral, para esses projetos, já há uma verba para a roteirização.
O que parece faltar é dinheiro para o desenvolvimento de histórias. “Não existe ainda verba para desenvolvimento de projetos. Se há prêmios para 10 filmes serem produzidos, deveria ter prêmios para 70 roteiros. A média deveria ser de sete para um. O desenvolvimento é onde o Estado deve investir diretamente, pois as empresas não vão investir nisso”, pontua Newton Cannito, que faz também de três a quatro doctoring por ano. Atualmente, até é possível captar para escrever o roteiro, mas é necessário ter um argumento pronto. Além disso, essa captação é somente via artigo terceiro, o que só favorece um nicho muito específico e não quem mais precisa. “Os editais de roteiro também não são solução e precisam urgentemente ser revistos. De periodicidade incerta, não servem como pagamento inicial para um roteirista trabalhar num projeto. Não raro, o roteirista já está escrevendo mesmo sem o resultado e, para piorar, as produtoras entendem que o prêmio é na verdade de desenvolvimento da pré-produção e mordem metade do valor. Com isso, esses editais só têm interessado a diretores que também escrevem seus próprios roteiros ou então iniciantes em busca de um lugar ao sol”, complementa Ana Paul.
A roteirista aponta o edital de telefilmes da TV Cultura como sendo o melhor que existe, “muito honesto e estimulante”, que premia primeiro dez roteiros para potenciais filmes, com R$ 40 mil de verba para a feitura de roteiro. Posteriormente, apenas entre esses dez, uma nova seleção acontece para escolher quatro para a verba de produção. Foi assim que Ana emplacou “Invasores”, uma ideia totalmente desenvolvida por ela, com direção de Marcelo Toledo, com quem tem desenvolvido novos projetos, e produção da Raiz.
A falta de verba para desenvolvimento não afeta apenas os projetos de ficção, mas também os de documentário. “A sensação que dá é que o documentarista precisa ter feito a pesquisa e escrito o roteiro com dinheiro caído do céu”, desabafa Tata Amaral. “Faria editais para produção de portais de pesquisa sobre determinados conteúdos que podem depois virar séries documentais. Começa na pesquisa do conteúdo e depois filma. Tem que ter também para formatos, realities e outros. O conceito melhor seria não-ficção”, amplia a discussão Newton Cannito, que além da Globo, desenvolve paralelamente os projetos de série “Chumbo Grosso” e o remake de “O Vigilante Rodoviário”.
TATA AMARAL: “Acho que falta sensibilidade para perceber que um bom projeto precisa de tempo para se desenvolver. Normalmente, você orça um valor de roteiro que implica numa produção de seis meses. Para um roteiro ficar bom, você precisa de um ano ou mais, salvo raras exceções”
Produtoras usam prêmios ou esperam investimento na produção para pagar roteirista
Não é só dinheiro que falta ao setor. “Acho que falta sensibilidade para perceber que um bom projeto precisa de tempo para se desenvolver. É preciso respeitar esse tempo, investir nesse tempo. O incentivo de ser no sentido de que as produtoras (são elas que produzem os roteiros) possam dispor deste tempo e receberem dinheiro para isto. Normalmente, você orça um valor de roteiro que implica numa produção de seis meses. Para um roteiro ficar bom, você precisa de um ano ou mais, salvo raras exceções”, complementa Tata Amaral, que finaliza dois filmes, “De Menor”, de Caru Alves de Souza, e “Trago Comigo”, direção dela, derivada da minissérie que fez para a TV Cultura.
Ainda assim, as produtoras têm recebido e desenvolvido muitos projetos, tanto para cinema quanto para televisão. Andrea Barata Ribeiro, na O2, recebe vários. “Muitas vezes, os próprios diretores da casa trazem os projetos. Só produzimos o que a gente consegue olhar de perto. E isso é um número bem limitado de projetos. O que nos move é gostar de um projeto. Aprendemos com o tempo a adequar o tamanho do projeto ao público e orçamento. Mas isso depois de levar bastante pau. Também recebemos projetos de roteiristas e a dinâmica é a mesma. O olho tem que brilhar e tem que haver uma brecha para caber o projeto”, pontua. O desenvolvimento dos roteiros para cinema, geralmente, é bancado com algum prêmio, como o PAQ ou o PAR, por eles mesmos ou por uma parceria com algum distribuidor. Para TV, desenvolvem uma minibíblia e levam ao canal. Só desenvolvem com sinal verde da emissora. Em breve, a O2 lançará as séries “Beleza S/A”, para a GNT, “Trabalho Duro”, para a Discovery, e “Os Experientes”, para a Globo, e os filmes “Reveillon”, de Fabio Mendonça, “Zoom”, de Pedro Morelli, e “Pedro Malasartes, o Único Homem que Enganou a Morte”, de Paulo Morelli.
Paulo Schmidt, atualmente, produz ou coproduz os longas “Objetos Perdidos ou a História das Duas Únicas Pessoas do Planeta Terra”, de Luiz Fernando Carvalho, “Meu Tempo é Agora”, de Johnny Araújo, “Rio-Santos”, de Klaus Mitteldorf, e “Eu te Levo”, de Marcelo Müller. Na Academia de Filmes, parte do Grupo INK, está com diversos projetos, muitos vindos de profissionais de mercado. “Não há recursos suficientes para investir, portanto, estamos abertos para receber e analisar projetos. Em paralelo, desenvolvemos projetos a partir de pesquisa de fatos reais e de literatura. Temos investido recursos da produtora, mas muito modestamente. Muitos projetos são abraçados por roteiristas por um cachê mínimo, os quais serão finalizados quando os projetos forem viabilizados”, explica. Os valores totais variam muito em função do argumento e do profissional, podendo ir de R$ 40 mil a R$ 200 mil. “Ainda não temos padrões para projetos de TV. São muitos os formatos, incluindo telefilmes, seriados, programas etc. Certamente a remuneração também será fixada em função do profissional, do formato e do canal”, pontua.
Tata Amaral tem uma dinâmica diferente, por escrever e também produzir. “Tenho uma relação bastante estimulante e criativa com os roteiristas. Como produtora, a palavra final é minha. Como diretora, também mexo no roteiro, seja nas filmagens, seja na montagem. Raramente pedi para alguém trabalhar sem ter os recursos para pagamento. O que acontece é que estes pagamentos são feitos por etapa, de acordo com a captação ou o momento do trabalho”, explica Tata, que usou metade do PAR de “Antônia” para a primeira etapa de “Hoje”, desenvolvida por Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, antes da entrada da Petrobras.

Por Gabriel Carneiro

Reportagem especial sobre a falada crise na criação
Nunca houve tanto dinheiro disponível para a produção audiovisual no Brasil. Rodando mais de 100 filmes por ano e com o mercado televisivo aquecido por conta da lei da obrigatoriedade da TV paga, o país se vê frente a uma crise: temos dinheiro, mas temos conteúdo para tanta produção? Existem histórias boas o suficiente e bem construídas que possam interessar a alguém? Tais questionamentos começaram a ser levantados pelas emissoras televisivas frente à obrigação de passar 3h30 semanais de conteúdo brasileiro qualificado. Muitas alegavam não haver projetos bons para figurarem em suas grades. As produtoras audiovisuais, por sua vez, alegaram, em parte, que falta ao nosso audiovisual bons roteiros e bons roteiristas para cumprir toda essa demanda. Roteiristas, por sua vez, declararam que falta estrutura e valorização ao trabalho. Se há mesmo uma crise de criação, a questão é saber o porquê disso e aonde se precisa melhorar.
A questão não é a falta de roteiristas
Para o roteirista de cinema e TV, presidente da Associação de Roteiristas (A.R.), ex-Secretário do Audiovisual e contratado como autor da TV Globo, Newton Cannito, existem sim problemas de roteiro no audiovisual brasileiro, mas os roteiristas não podem ser considerados os únicos bodes expiatórios. “Todo mundo entendeu a importância do roteiro. Mas poucos entenderam a do roteirista. Com certeza temos problema de roteiro. Mas não consigo dizer que faltam roteiristas. Pode até ser que falte. Mas conheço dezenas de roteiristas aptos que se formaram para fazer seriados e desistiram de trabalhar com produção independente pelas péssimas condições que ela oferece”, afirma. “Quem tem feito os roteiros das séries não são roteiristas, são os donos da produtora e/ou os diretores de publicidade. Eles contratam jovens como colaboradores de roteiros para atuar como datilógrafos de luxo. Isso não funciona. Não falta roteirista. Falta dar poder ao roteirista”, pontua enfaticamente. Essa é uma das razões que o levaram para a TV Globo. “Para roteirista, só a Globo salva. Hoje é a única empresa que valoriza a carreira de roteirista. Eles chamam inclusive de autor-roteirista, enfatizando o autor. Passei 10 anos apostando em séries e produção independente. Apanhei muito e percebi que o certo mesmo era atuar na Globo. Lá, estou começando de novo, mas já vejo várias novas perspectivas. Estou atuando em colaboração em novelas e tentando emplacar seriados”, explica.
NEWTON CANNITO: “Todo mundo entendeu a importância do roteiro. Mas poucos entenderam a do roteirista. O produtor criativo é o cara que a vida toda fez a contabilidade da empresa e agora quer fingir que é roteirista”. © Flora Pimentel
O roteirista Braúlio Mantovani, responsável por “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite 2”, entre outros, concorda com Cannito. “Tanta reclamação não pode ser à toa. Mas por que faltam roteiristas? Seria falta de talento? Acho improvável. Veja que essa afirmação diz respeito ao cinema – e agora à produção independente de séries, que segue o mesmo modelo do cinema. Eu nunca ouvi as pessoas do meio dizerem: ‘Faltam autores de novela’. Se o problema fosse falta de talento, faltariam autores/roteiristas para tudo. Se a falta existe apenas na produção de cinema e de séries realizadas pelas mesmas produtoras que fazem os filmes, talvez a explicação esteja no modelo de produção. Roteiristas no Brasil não têm reconhecimento autoral e ganham mal. Ganham muito mal. Por isso, trabalham em muitos projetos, escrevem com muita velocidade, não têm tempo para reescrever – o que é fundamental em qualquer roteiro, seja qual for o talento do autor”, aponta.
O que falta é mercado
Se por um lado as condições ruins de trabalho exigem uma velocidade não condizente com qualidade, ainda dividido em vários projetos, a profissão de roteirista profissional – que só faz roteiros – não tem tradição no Brasil. “A profissão de roteirista é algo novo na nossa cultura. Uma pessoa investir anos estudando para ser roteirista era bem menos cogitado há 10 anos. Temos vários bons roteiristas, mas na maioria das vezes ou são contratados fixos de alguma emissora ou muitas vezes estão ocupados em outros trabalhos. Ser um bom roteirista exige, além do talento, bastante trabalho e estudo. A prática também traz experiência e agora estamos conseguindo ter um mercado com um volume de trabalho que vai permitir dar quilometragem para muitos profissionais”, afirma Andrea Barata Ribeiro, produtora da O2 Filmes, que crê faltarem também profissionais de outras áreas, como produtores executivos. “Concordo que muitos projetos, inclusive alguns que produzi, têm problemas no roteiro. A experiência, bem como a formação acadêmica, pode ajudar bastante. Um pouco de humildade também faz bem. Muitas vezes converso com colegas que se acham sensacionais ou totalmente preparados para qualquer coisa. Não é bem assim. Temos um caminho a percorrer”, complementa.
ANDREA BARATA RIBEIRO: “O desenvolvimento dos roteiros para cinema, geralmente, é bancado com algum prêmio, como o PAQ ou o PAR, por eles mesmos ou por uma parceria com algum distribuidor”. © Leo Lara
A roteirista e professora Ana Paul discorda veementemente da falta de roteiros ou roteiristas. “Fui jurada de vários editais e neles pude perceber a enorme criatividade que rola por aí. Tomar as decisões sempre é muito complicado, porque costuma ter pelo menos três vezes o número de projetos excelentes do que a possibilidade de premiação. O que falta é um mercado. Não um calculado pelo número de horas de audiovisual brasileiro na TV a cabo, mas um em que se movimente dinheiro. A média de valor para todas as etapas de uma produção de meia hora para cumprimento da lei é de R$ 30 mil para ficção e R$ 15 mil para documentário. Isso é muito pouco e precariza todo o setor. Nesse contexto, acaba se apelando para os iniciantes, que muitas vezes não têm experiência para tocar responsabilidades maiores. Além do mais, a atividade sofre muito com as incertezas a respeito dos rumos de uma produção, principalmente, em relação a orçamento e cronograma”, explica. Segundo Ana, tais acusações são frutos do tempo atual. “Há, de fato, um clima muito conservador e retrógrado na sociedade contemporânea, que algumas pessoas consideram pouco estimulante para a produção de uma arte que não seja de puro lazer ou entretenimento”, afirma.
ANA PAUL: “Temos bons roteiristas. O que falta é mercado e produtores mais criativos”
A formação do roteirista
Parece haver um consenso quando se diz que há bons roteiros e bons roteiristas no Brasil, em maior ou menor grau, assim como parece ser consenso que boa parte dos produtos audiovisuais brasileiros tem problemas diversos na estruturação dos roteiros. Com o aumento da produção, a necessidade por roteiristas e criadores passou a ser maior. Historicamente, no Brasil, o diretor é o roteirista, e isso continua forte. “Geralmente, isso acontece por três motivos. O mais óbvio é que ele se sente apto a escrever também, o que pode ser verdade ou não. Outro motivo é a desconfiança e o preconceito que existe contra o roteirista no meio audiovisual, como se ele pertencesse a um fã clube de adoradores do Syd Field, ávido por fazer um ponto de virada na página 27. Embora, infelizmente, esses adoradores de manuais realmente existam, a atividade de escrita de roteiro é infinitamente mais sofisticada que o reducionismo que inventaram por aí. Por último, muitos diretores gostam de escrever roteiros também para obterem esse pagamento no orçamento. Alguns se dedicam à produção pelo mesmo motivo, em vez de delegar a um profissional capacitado e exclusivo. Além disso, há diretores que exigem que o roteirista divida o crédito com ele, mesmo não tendo escrito nada, conseguindo assim metade da verba”, explica Ana Paul.
“Os nossos profissionais ainda são autodidatas, o que é plenamente justificável. O cinema perdeu muito espaço com o fechamento da Embrafilme e só voltou a ganhar espaço com a criação da Ancine. Neste período, filmes realizados por diretores que também eram autores e, muitas vezes, produtores eram na sua maioria autorais. Há a necessidade dos roteiristas trabalharem para os produtores, desenvolverem roteiros sob encomenda”, afirma o produtor do Grupo INK Paulo Schmidt.
PAULO SCHMIDT: “O produtor independente ainda não tem autonomia suficiente para escolher os seus projetos. Muitos projetos são abraçados por roteiristas por um cachê mínimo, os quais serão finalizados quando os projetos forem viabilizados”
A demanda nos últimos anos, porém, fomentou o interesse na área. Existem cinco pós-graduações exclusivas de roteiro no país, mais de 80 cursos superiores de audiovisual, nos quais há pelo menos dois ou três semestres de roteiro, além dos muitos cursos livres. Para Newton Cannito isso não basta. “No fundo, a formação nem deve ser de roteiro. Deve ser de escrita criativa e/ou narrativa mesmo. O conhecimento de roteiro é 90% igual ao conhecimento de literatura. Dez por cento é o específico audiovisual. Tem que estudar mais literatura e teatro para se formar em roteiro. Não temos no Brasil formação de escritores. Não tem faculdades para formar escritores. O curso de Letras forma professores. Cinema forma pessoas que sonham em dirigir. Escritores não existem. Formar-se em roteiro é algo que vem da base, da cultura, ler Dostoiévski, Flaubert, ver muitos filmes. É uma longa formação”, aponta, mostrando que o problema é mais embaixo.
Além da formação, outra coisa que parece precisar melhorar é o pleno entendimento da função do roteirista e de onde ele se insere no fluxo. “Ninguém entende o workflow de criação. Perceberam a importância da criação coletiva, mas estão usando isso para desvalorizar criativamente todos os criadores. No Brasil, o dono da produtora tem uma ideia simples do tipo ‘4 jovens em Recife’ e assina a criação da obra. Isso não existe em nenhum lugar. Entendemos a importância do produtor criativo mas invertermos o sinal. Nos EUA, o produtor criativo é o criador que deu tão certo, que virou produtor. No Brasil, o produtor criativo é o cara que a vida toda fez a contabilidade da empresa e agora quer fingir que é roteirista. Isso é tirar o poder da criação”, enfatiza Cannito.
As exigências do mercado
Nesse âmbito da comunicação e do entendimento das distintas funções, entra outra questão: produtor sabe avaliar roteiros? “Temos que analisar roteiros sob o ponto de vista do que o distribuidor de filmes e as TVs por assinatura buscam no mercado. Estamos amarrados estruturalmente. O produtor independente ainda não tem autonomia suficiente para escolher os seus projetos, já que a cota e os incentivos para a produção televisiva são muito pequenos e os veículos não dependem desta produção para o seus negócios. De qualquer forma, os projetos devem conter ingredientes mercadológicos, portanto, adaptações de literaturas conhecidas e biografias de personalidades – em especial da música e das artes – são boas fontes para bons projetos”, explica Paulo Schmidt. Para a diretora e também produtora e roteirista Tata Amaral, os roteiros são quase matemáticos. “Há fórmulas, a narrativa tem uma estrutura. Porém, o que realmente faz diferença é o que chamo de ‘intuição da história’. Uma boa história se intui”, pontua.
A roteirista Ana Paul acha que os produtores não sabem avaliar bons roteiros. “Sequer sabem ler roteiros no Brasil. Já vi muitos produtores falando bem de um roteiro problemático só porque o tema é relevante, assim como já notei também dificuldades de análise em projetos com uma narrativa mais delicada e complexa. Historicamente, a atividade foi relegada no Brasil a uma série de procedimentos pragmáticos e burocráticos, nos quais lidar com planilhas, calendários, orçamentos, leis, captações e prestações tomava todo o tempo. Não existia, até pouco tempo atrás, a figura de um produtor mais criativo. De qualquer maneira, ainda faltam sólidos conhecimentos de dramaturgia”, aponta.
A necessidade de se enquadrar em padrões pré-determinados também prejudica a inserção de roteiristas no mercado, assim como de desenvolver diferentes obras. “No cinema, há a necessidade de se criar histórias para outros gêneros, mas isto depende muito dos distribuidores. Eles estão definindo o gênero que o povo brasileiro deve assistir. A lei que estabelece uma cota para produção nacional na TV por assinatura requer conteúdos que estejam alinhados ao perfil e grades dos canais, como seriados, por exemplo, e neste formato os roteiristas brasileiros não têm experiência e formação”, diz Paulo Schmidt. “Cada vez mais, novas formas e novos talentos estão surgindo, mas nem sempre conseguem seu lugar no mercado ou, pelo menos, um destaque maior para suas atividades. Há, por exemplo, um crescente e interessante movimento de pessoas interessadas em trabalhar com horror no Brasil, mas muitas vezes são solenemente ignoradas na hora de captar verbas públicas, pois tem gente que torce o nariz para cinema de gênero ou, no mínimo, considera que o brasileiro ainda não tem capacidade para isso. Muitos jurados de editais preferem projetos com um viés sociológico mais explícito, o que é um absurdo, pois o gênero não precisa se isentar disso nem deve ser visto como uma arte menor”, complementa Ana Paul.
Falta valorização da profissão
Uma das maiores queixas dos roteiristas é a falta de valorização ao trabalho, não só como reconhecimento da importância da função na cadeia audiovisual, como especialmente no quesito monetário. “Lembro-me de minha mãe. Quando dei um livro a ela, que escrevi, ela disse: está vendo como foi bom estudar datilografia? Escritor é quem sabe datilografar rápido. Por incrível que pareça, os produtores pensam meio como minha mãe. Acham um absurdo pagar R$ 100 mil por 100 páginas de roteiro. O Brasil é o único país do mundo aonde o fotógrafo ganha mais que o roteirista. Na verdade, até o assistente de câmera hoje ganha mais que roteirista”, provoca Cannito.
“Os produtores trabalharam durante muito tempo com a ideia de risco zero que as leis de incentivo trouxeram e não estão acostumados a investir. É muito frequente que produtoras, mesmo de grande porte, chamem o roteirista para projetos, alegando que não há dinheiro algum e que a própria empresa está também se arriscando. Contudo, a função de um empresário é justamente se arriscar, correr atrás de negócios e investir. Um roteirista, por sua vez, não é um empresário, seu talento é apenas escrever, o que não é pouco. Para piorar, há roteiristas que topam o esquema unicamente por uma questão de sonho, já que, embora não haja pagamento, há um gigantesco capital simbólico envolvendo o ato de escrever”, afirma Ana Paul.
Essa é uma das razões de ela ter preferido projetos para cinema. “Se for para fazer algo no risco ou com pagamento reduzido, é preferível que seja algo mais autoral, já que não vejo nenhum sentido fazer um trabalho comercial ganhando pouco. Além disso, o trabalho de roteirista de TV é muito parecido com uma residência médica, com carga horária gigantesca”, complementa.
“Se você pesquisar os números, vai ver que o custo proporcional do roteiro é muito baixo. Roteiros deveriam custar 5% do orçamento de uma produção para tornar atraente a carreira de roteirista. Os que já estão no mercado poderiam trabalhar de maneira mais profissional (menos pressa, dedicação exclusiva a cada projeto). E jovens talentosos seriam atraídos para a carreira”, aponta Bráulio Mantovani. Quanto ao fluxo de trabalho, para ele, a relação diretor-roteirista deve ser equilibrada, horizontal. “Se produtores e diretores querem mais e melhores roteiristas, devem incentivar mudanças no modelo de produção. Devem estabelecer com os escritores a mesma relação que o Fernando Meirelles estabeleceu comigo quando escrevi meu primeiro longa, ‘Cidade de Deus’: colocou-me na posição de autor do roteiro (com a respectiva liberdade criativa) e me pagou um bônus quando o filme ficou pronto. Ganhamos quatro indicações ao Oscar. No caso do ‘Tropa de Elite 2’, Padilha me convidou para ser sócio do filme. Investi meu cachê no projeto. Fizemos mais de 11 milhões de espectadores. Ambos os filmes têm roteiros muito bons e fizeram sucesso. Nos dois casos, o modelo da relação diretor-roteirista-produtores é radicalmente diferente daquele que se pratica hoje no Brasil”, completa.
BRÁULIO MANTOVANI: “Mas por que faltam roteiristas? Seria falta de talento? Acho improvável. Roteiristas no Brasil não têm reconhecimento autoral e ganham muito mal. Por isso, trabalham em muitos projetos, escrevem com muita velocidade. Não têm tempo para reescrever”. © Aline Arruda
Visões do mercado para roteirista
Atualmente, no Brasil, o roteirista tem conseguido mais trabalho como script doctor – quando é contratado para “consertar” um roteiro, estruturando-o melhor – ou como roteirista de encomenda – quando o diretor ou o produtor tem a ideia, mas não tem tempo ou não se considera apto a desenvolvê-la. Roteiros também podem surgir de demandas específicas, como adaptação de um livro ou baseado em algum fato real. Em geral, para esses projetos, já há uma verba para a roteirização.
O que parece faltar é dinheiro para o desenvolvimento de histórias. “Não existe ainda verba para desenvolvimento de projetos. Se há prêmios para 10 filmes serem produzidos, deveria ter prêmios para 70 roteiros. A média deveria ser de sete para um. O desenvolvimento é onde o Estado deve investir diretamente, pois as empresas não vão investir nisso”, pontua Newton Cannito, que faz também de três a quatro doctoring por ano. Atualmente, até é possível captar para escrever o roteiro, mas é necessário ter um argumento pronto. Além disso, essa captação é somente via artigo terceiro, o que só favorece um nicho muito específico e não quem mais precisa. “Os editais de roteiro também não são solução e precisam urgentemente ser revistos. De periodicidade incerta, não servem como pagamento inicial para um roteirista trabalhar num projeto. Não raro, o roteirista já está escrevendo mesmo sem o resultado e, para piorar, as produtoras entendem que o prêmio é na verdade de desenvolvimento da pré-produção e mordem metade do valor. Com isso, esses editais só têm interessado a diretores que também escrevem seus próprios roteiros ou então iniciantes em busca de um lugar ao sol”, complementa Ana Paul.
A roteirista aponta o edital de telefilmes da TV Cultura como sendo o melhor que existe, “muito honesto e estimulante”, que premia primeiro dez roteiros para potenciais filmes, com R$ 40 mil de verba para a feitura de roteiro. Posteriormente, apenas entre esses dez, uma nova seleção acontece para escolher quatro para a verba de produção. Foi assim que Ana emplacou “Invasores”, uma ideia totalmente desenvolvida por ela, com direção de Marcelo Toledo, com quem tem desenvolvido novos projetos, e produção da Raiz.
A falta de verba para desenvolvimento não afeta apenas os projetos de ficção, mas também os de documentário. “A sensação que dá é que o documentarista precisa ter feito a pesquisa e escrito o roteiro com dinheiro caído do céu”, desabafa Tata Amaral. “Faria editais para produção de portais de pesquisa sobre determinados conteúdos que podem depois virar séries documentais. Começa na pesquisa do conteúdo e depois filma. Tem que ter também para formatos, realities e outros. O conceito melhor seria não-ficção”, amplia a discussão Newton Cannito, que além da Globo, desenvolve paralelamente os projetos de série “Chumbo Grosso” e o remake de “O Vigilante Rodoviário”.
TATA AMARAL: “Acho que falta sensibilidade para perceber que um bom projeto precisa de tempo para se desenvolver. Normalmente, você orça um valor de roteiro que implica numa produção de seis meses. Para um roteiro ficar bom, você precisa de um ano ou mais, salvo raras exceções”
Produtoras usam prêmios ou esperam investimento na produção para pagar roteirista
Não é só dinheiro que falta ao setor. “Acho que falta sensibilidade para perceber que um bom projeto precisa de tempo para se desenvolver. É preciso respeitar esse tempo, investir nesse tempo. O incentivo de ser no sentido de que as produtoras (são elas que produzem os roteiros) possam dispor deste tempo e receberem dinheiro para isto. Normalmente, você orça um valor de roteiro que implica numa produção de seis meses. Para um roteiro ficar bom, você precisa de um ano ou mais, salvo raras exceções”, complementa Tata Amaral, que finaliza dois filmes, “De Menor”, de Caru Alves de Souza, e “Trago Comigo”, direção dela, derivada da minissérie que fez para a TV Cultura.
Ainda assim, as produtoras têm recebido e desenvolvido muitos projetos, tanto para cinema quanto para televisão. Andrea Barata Ribeiro, na O2, recebe vários. “Muitas vezes, os próprios diretores da casa trazem os projetos. Só produzimos o que a gente consegue olhar de perto. E isso é um número bem limitado de projetos. O que nos move é gostar de um projeto. Aprendemos com o tempo a adequar o tamanho do projeto ao público e orçamento. Mas isso depois de levar bastante pau. Também recebemos projetos de roteiristas e a dinâmica é a mesma. O olho tem que brilhar e tem que haver uma brecha para caber o projeto”, pontua. O desenvolvimento dos roteiros para cinema, geralmente, é bancado com algum prêmio, como o PAQ ou o PAR, por eles mesmos ou por uma parceria com algum distribuidor. Para TV, desenvolvem uma minibíblia e levam ao canal. Só desenvolvem com sinal verde da emissora. Em breve, a O2 lançará as séries “Beleza S/A”, para a GNT, “Trabalho Duro”, para a Discovery, e “Os Experientes”, para a Globo, e os filmes “Reveillon”, de Fabio Mendonça, “Zoom”, de Pedro Morelli, e “Pedro Malasartes, o Único Homem que Enganou a Morte”, de Paulo Morelli.
Paulo Schmidt, atualmente, produz ou coproduz os longas “Objetos Perdidos ou a História das Duas Únicas Pessoas do Planeta Terra”, de Luiz Fernando Carvalho, “Meu Tempo é Agora”, de Johnny Araújo, “Rio-Santos”, de Klaus Mitteldorf, e “Eu te Levo”, de Marcelo Müller. Na Academia de Filmes, parte do Grupo INK, está com diversos projetos, muitos vindos de profissionais de mercado. “Não há recursos suficientes para investir, portanto, estamos abertos para receber e analisar projetos. Em paralelo, desenvolvemos projetos a partir de pesquisa de fatos reais e de literatura. Temos investido recursos da produtora, mas muito modestamente. Muitos projetos são abraçados por roteiristas por um cachê mínimo, os quais serão finalizados quando os projetos forem viabilizados”, explica. Os valores totais variam muito em função do argumento e do profissional, podendo ir de R$ 40 mil a R$ 200 mil. “Ainda não temos padrões para projetos de TV. São muitos os formatos, incluindo telefilmes, seriados, programas etc. Certamente a remuneração também será fixada em função do profissional, do formato e do canal”, pontua.
Tata Amaral tem uma dinâmica diferente, por escrever e também produzir. “Tenho uma relação bastante estimulante e criativa com os roteiristas. Como produtora, a palavra final é minha. Como diretora, também mexo no roteiro, seja nas filmagens, seja na montagem. Raramente pedi para alguém trabalhar sem ter os recursos para pagamento. O que acontece é que estes pagamentos são feitos por etapa, de acordo com a captação ou o momento do trabalho”, explica Tata, que usou metade do PAR de “Antônia” para a primeira etapa de “Hoje”, desenvolvida por Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, antes da entrada da Petrobras.

Por Gabriel Carneiro

03/09/2013

Inscrições abertas para o Rumos Itaú Cultural em novo formato


O programa Rumos Itaú Cultural completa 16 anos. Nesse período, possibilitou ações artísticas e culturais que atingiram um público de mais de 5,1 milhões de pessoas, selecionou 1.130 artistas, pesquisadores e produtores, construiu relações culturais e afetivas e gerou outros programas, se reinventando a cada edição.
Em 2013, o Rumos Itaú Cultural apresenta mudanças profundas e estruturais em seu conceito, fruto do diálogo entre artistas, produtores, pesquisadores, cientistas e gestores da instituição. O resultado é uma estrutura adaptável que, independente da área de expressão ou do campo de reflexão, encara deslocamentos e desafios em seu processo e não apenas atende uma ação tradicional de constituição permanente e estável. Memória e transformação juntos em busca de melhoras.
É nosso papel propiciar ambientes para criação, experimentação, encontros, desencontros, leituras, releituras, assumindo os riscos e a incerteza como princípios da dinâmica do processo. É nossa obrigação criar diálogos e fomentar produções culturais de todos os tipos, individuais e/ou coletivas, de uma ou mais áreas de expressão artística e do pensamento.
Porque o artista, o agente, o coletivo ou o pensador sabe qual a melhor forma para seu trabalho e para se relacionar com os interlocutores, os critérios são móveis, livres, nunca reduzidos em suas complexidades. E porque um programa de fomento e apoio a artistas e pesquisadores deve ter o olhar voltado para o público e sua formação cultural.
No lugar de regulamento, o programa está estruturado em forma de perguntas e respostas. Convidamos você a esse mergulho.

1. Quem participa do Rumos Itaú Cultural?

Pessoas físicas com idade mínima de 16 anos* completados até o último dia de inscrição, até mesmo duplas, trios, coletivos ou grupos, e pessoas jurídicas com sede no Brasil, inclusive selecionados em outras edições do programa.
*Para os inscritos menores de 18 anos, salvo os emancipados, será exigido que seu(s) responsável(is) legal(is) assine(m) os termos contratuais previstos neste documento. Os menores de 18 anos deverão indicar na ficha de inscrição o nome e os dados de seu(s) representante(s) legal(is).

2. Apenas brasileiros podem participar?

Não. Estrangeiros também podem participar (apenas como pessoa física), até mesmo duplas ou grupos de estrangeiros e brasileiros, desde que o projeto (pesquisa ou produção de uma obra) trate de arte e cultura brasileiras.

3. Em que idioma será feita a inscrição?

As inscrições só serão aceitas em português.

4. Quais as características dos trabalhos inscritos?

Podem ser inscritos trabalhos de arte e cultura brasileiras em quaisquer expressões artísticas e/ou intelectuais, apresentados e/ou desenvolvidos em quaisquer tipos de suporte, formato, área artística ou mídia.

5. Como faço a inscrição?

Exclusivamente no www.itaucultural.org.br/rumos. As inscrições são gratuitas e podem ser efetuadas no período de 3 de setembro até às 23h59 (horário de Brasília) de 14 de novembro de 2013.
Os proponentes poderão editar os formulários e arquivos on-line e as inscrições serão consideradas concluídas até a data limite (23h59 do dia 14 de novembro − horário de Brasília).
O formulário de inscrição deverá ser preenchido integralmente e descrever e detalhar itens como conceito, planejamento, cronograma, orçamento, viabilidade técnica, logística, produção executiva, entre outros, pois isso facilitará e ampliará a análise da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural.

6. Posso inscrever mais de um projeto?

Não. Será aceita apenas uma inscrição por pessoa física ou jurídica (proponente), mesmo no caso de entidades que representem mais de um artista.


7. No caso de artista ligado a cooperativas, como proceder?

A inscrição deve ser feita como pessoa física. Caso selecionado, o proponente poderá formalizar o contrato em nome da cooperativa.

8. Posso participar de mais de um projeto?

Sim, como participante ou integrante de grupos, coletivos ou equipe técnica.

9. Como saber se minha inscrição foi aceita?

Após completar sua inscrição, você receberá uma confirmação por e-mail. Caso não receba a confirmação de inscrição, entre em contato conosco pelo e-mail rumos@itaucultural.org.br. Lembramos que será possível editar os dados de seu projeto até o final do prazo de inscrição.

10. Posso anexar arquivos à minha inscrição?

Você poderá anexar os arquivos que achar mais adequados ao perfil de sua inscrição: imagens, músicas, audiovisuais, desenhos, textos, orçamentos, descrições técnicas, roteiros, entre outros.
Os anexos terão limite de 10 Mb cada um, nos formatos áudio (mp3), textos (doc. e pdf.), vídeos (links do VIMEO ou Youtube) e imagens (jpeg, tiff, png). Links para vídeos podem ser configurados com senha, se necessário, desde que a senha seja informada no formulário de inscrição.
Os anexos não dispensam o preenchimento integral dos campos do formulário de inscrição. Não serão considerados válidos materiais entregues pessoalmente, enviados por e-mail ou pelo correio, por exemplo.

11. Quais as modalidades do programa?

O projeto poderá ser inscrito em uma ou mais das modalidades indicadas na ficha de inscrição:
  • a. Circulação de repertório
    Projeto de circulação de apresentações artísticas (teatro, dança, música, entre outros) e de acervos (artes visuais, fotografias, entre outros) no Brasil e no exterior;
  • b.Criação e/ou produção de obra
    Projeto de desenvolvimento de trabalhos artísticos variados – de instalações, composições, performances, coreografias, roteiros, espetáculos, ensaios fotográficos, a programas de rádio, TV, internet, documentários, CDs e DVDs;
  • c. Desenvolvimento de plataformas e softwares
    Projeto de desenvolvimento de programas de computador artísticos/culturais, como plataformas web, games, agentes inteligentes, aplicativos etc.;
  • d. Documentação
    Organização e preservação de acervos, digitalização de documentos, entre outros, relacionados à arte e à cultura brasileiras;
  • e. Finalização de projetos
    Projeto em andamento;
  • f. Formação
    Projeto com foco na educação cultural, formal ou não formal, a ser realizado no Brasil;
  • g. Pesquisa
    Desenvolvimento de pesquisas relacionadas à arte e à cultura brasileiras;
  • h. Publicação
    Projeto de edição de livro, catálogo, revista, jornal, fanzine, quadrinhos ou outros, em qualquer suporte;
  • i. Crítica
    Projetos de crítica (acadêmica, jornalística ou outra) às produções contemporâneas em todos os campos de expressão artística;
  • j. Residência
    Proposta de indivíduos ou coletivos para vivências em residências nas áreas de artes, cultura, pesquisa e educação no Brasil ou no exterior;
  • k. Oficina, seminário, encontro e similares
    Projeto de realização de seminário, simpósio, debate e oficina, entre outros, com a possibilidade de convidados do Brasil e/ou do exterior;
  • l. Outras possibilidades
    Projetos que não se incluam em nenhuma das modalidades acima podem ser especificados em detalhes para nossa avaliação.

12. Quantos trabalhos serão contemplados?

Não há número mínimo ou máximo de projetos, propostas ou obras a ser contemplados. Esta decisão será de exclusiva atribuição da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural, observando o limite orçamentário do programa.

13. Como será definido o cronograma de execução dos projetos? Existe prazo para conclusão?

O cronograma das ações será construído em processo, a partir das propostas dos proponentes e das análises da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural.

14. Qual é o valor máximo de recursos por projeto contemplado?

O montante total aportado por proposta, projeto ou obra, observará o limite de até R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) brutos.
As condições de liberação dos recursos serão previstas em contrato.
Pagamentos em moeda estrangeira observarão o câmbio do dia da liberação do recurso.
O eventual valor ou apoio constante em contrato terá como titular único e exclusivo o proponente do trabalho, não podendo ser substituído por premiação de outra natureza.

15. Posso complementar meu orçamento com recursos de outras fontes?

Sim. Não há impedimento prévio, mas as condições serão avaliadas pela área jurídica do Itaú Cultural para certificar que não haja nenhuma incompatibilidade com o programa Rumos Itaú Cultural e com as diretrizes da Lei Rouanet.

16. Como será feita a seleção?

Em duas etapas:
Fase de pré-seleção – Todas as inscrições serão analisadas pelos integrantes da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural, com o objetivo de eliminar as inscrições inválidas – que não cumpram os requisitos mínimos exigidos ou não atendam alguma questão legal e/ou os trabalhos cujos descritivos inviabilizem sua compreensão ou avaliação.
Fase de seleção − Todos os trabalhos pré-selecionados serão analisados pela Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural sob diversos critérios: criação, originalidade, qualidade, experimentação, inovação, abrangência, contemporaneidade, viabilidade técnica, orçamento, execução e viabilidade legal, entre outros.
A Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural terá poder em sua atuação e poderá convocar o proponente para detalhar ou explicitar seu projeto.
A Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural poderá também visitar locais relacionados ao trabalho, caso julgue necessário. Funcionando como uma mediadora, a Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural pode ainda destacar entre os projetos/proponentes interações, correlações e outras coincidências, reservando sempre aos envolvidos independência para aceitar ou não as sugestões.
A respeito da seleção dos projetos, a Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural é autônoma e suas decisões são soberanas, não sendo passíveis de questionamentos e/ou recursos.

17. Quem são os integrantes da comissão?

Juarez Fonseca, Marcelo Evelin, Marcelo Gomes, Nélio Bizzo, Reinaldo Pamponet, Regina Silveira, Valmir Santos e os gestores do Itaú Cultural Claudiney Ferreira, Edson Natale, Marcos Cuzziol, Sofia Fan, Sonia Sobral e Valéria Toloi.
A substituição de um membro da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural, se necessária, será feita em consenso entre os demais integrantes.

18. Como saberei do resultado?

Os contemplados serão informados por telefone e/ou e-mail, até 27 de maio de 2014. Em seguida, os resultados serão divulgados no site do Itaú Cultural e nos meios de comunicação.

19. Devo me preocupar com direitos autorais?

Sim. Se seu trabalho possuir obra, conteúdo e/ou imagem/voz de terceiros, você precisará da autorização dos respectivos titulares para utilização.
Os contemplados serão responsáveis, caso selecionados, pela obtenção de toda e qualquer autorização, licenciamento ou cessão de direitos relativos a obras (textos, músicas, fotografias etc.).
Os valores a serem pagos para licenciamentos de direitos autorais deverão estar previstos no orçamento do projeto.

20. O Itaú Cultural fornecerá orientação jurídica para auxiliar no cumprimento dessas questões?

Sim, o Itaú Cultural colaborará com orientações, mas não será o responsável pela obtenção das licenças e/ou liberações, entre outros.
O contemplado será o responsável, de forma exclusiva e integral, por eventuais reclamações, questionamentos, acusações ou alegações de plágio ou violação a direitos autorais, conexos, patrimoniais, de propriedade industrial, de titularidade de terceiros, dentre outros, inclusive pela omissão de informações.

21. Como será formalizada a relação com os contemplados?

O Itaú Cultural formalizará os termos de acordo com a natureza de cada projeto.

22. Divulgação do programa

Caso selecionado, o participante, desde já, autoriza o Itaú Cultural a utilizar imagens e currículos para exibição em mídia impressa e eletrônica (internet), exclusivamente para divulgação do Rumos Itaú Cultural.
A utilização ora prevista não tem limitação temporal ou numérica e é válida para o Brasil e para o exterior, sem que seja devida nenhuma remuneração, a qualquer título.
O Itaú Cultural poderá divulgar todas as etapas deste programa em qualquer mídia, inclusive internet.

23. Quais documentos deverei apresentar para a confecção do contrato caso seja selecionado?

a. Pessoas Físicas – cópias simples do CPF e inscrição no INSS ou PIS/Pasep. No caso de estrangeiros, cópia do passaporte ou RNE (Registro Nacional de Estrangeiros);
b. Pessoas Jurídicas – cópia simples do contrato social (o objeto social terá de ser compatível com o projeto contemplado), ata de constituição ou estatuto social da pessoa jurídica; cópia simples do cartão CNPJ; e ata de assembleia, ata de posse ou ata das alterações estatutárias indicando quem é, ou quem são, o(s) atual(is) representante(s) legal(is) da pessoa jurídica;
Por nenhuma outra forma, que não o referido contrato, os contemplados poderão usufruir o que está estabelecido e previsto no Rumos Itaú Cultural.

24. Devo anexar carta de anuência de convidados do trabalho?

Sim, caso seu trabalho verse sobre a vida ou a obra de terceiros, instituições ou empresas, você terá, caso selecionado, de apresentar as cartas de anuência.

25. Há restrições para que meu trabalho seja comercializado?

O Itaú Cultural assegura por contrato alguns direitos de divulgação de seu trabalho no desdobramento da sua participação no programa, mas isso não impedirá que você comercialize seu trabalho, isentando o Itaú Cultural de quaisquer acordos relacionados a esta comercialização.
O Itaú Cultural não receberá, em nenhuma hipótese, royalties advindos de eventuais comercializações.

26. Quem não pode participar do Rumos Itaú Cultural?

É vedada a participação de:
  • Funcionários e estagiários do Itaú Cultural e seus parentes (cônjuges, companheiros, parentes até segundo grau, afins e dependentes);
  • Ex-funcionários e ex-estagiários com menos de 1 (um) ano de desligamento do Itaú Cultural, a contar da data de publicação deste documento 03/09/2013
  • Funcionários e estagiários do Banco Itaú S/A;
  • Alunos e professores da Escola do Auditório Ibirapuera;
  • Terceirizados do Itaú Cultural com contratos vigentes durante o período de inscrição;
  • Integrantes da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural e seus parentes (cônjuges, companheiros, parentes até segundo grau, afins e dependentes);
  • Pessoas contratadas (físicas ou jurídicas) para a realização do programa.

27. Outras informações

Questões não previstas no presente documento serão avaliadas e decididas sob exclusivo critério da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural.
O ato de inscrição implica automática e plena concordância com os termos deste documento. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo site www.itaucultural.org.br/rumos ou pelo e-mail rumos@itaucultural.org.br.


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