12/04/2019

Dramaturgia social: como usamos máscaras para interagir

Texto extraido do blog: A mente é Maravilhosa

É possível analisar nossa interação com os demais como se estivéssemos atuando em uma peça de teatro, como se a vida social fosse uma sucessão de interpretação de papéis. Chamamos de dramaturgia social o enfoque microssociológico focado no estudo das relações entre o comportamento humano e as regras sociais que controlam nossas interações cotidianas.
“A vida é uma representação teatral”. Sócrates debatia, no diálogo da peça ‘O Banquete’, qual gênero teatral, a comédia ou a tragédia, mais se aproximava da vida real. Ele apostava na tragédia. A frase anterior, no entanto, não é sua. A frase é de Erving Goffman e a argumentação dos dois é bastante diferente. Goffman é criador da corrente do interacionismo simbólico. Essa teoria sustentava que a cada interação social que realizamos, tentamos projetar, de forma consciente ou mesmo inconsciente, uma imagem específica de nós mesmos, manipulando a maneira como os outros vão nos perceber.
Para Goffman, nossa personalidade não é um fenômeno interno, e sim a soma das diferentes máscaras que nós usamos ao longo da vida: uma dramaturgia social.

Explicando a dramaturgia social

Tanto o ator teatral quanto o social possuem como principal objetivo manter a coerência em suas interações com aqueles que o rodeiam e com o ambiente. Para transmitir uma impressão positiva devemos contar com habilidades dramáticas e sociais, além do vestuário e adereços necessários. Mas tudo isso carece de importância se os outros atores presentes no cenário não são capazes de coincidir na temática e na definição da situação, nas expectativas e nas limitações da interpretação que nos indicam de forma implícita como agir em um determinado contexto – um entorno social específico.

Casal com máscaras

Alcançar o desenvolvimento nessa dramaturgia social – ou seja, saber se mover por entre os cenários e os momentos em que projetamos uma imagem para os demais e os bastidores (nossa vida privada, que muitas vezes também é uma máscara que usamos apenas para olhar no espelho), assim como mostrar desenvoltura na mudança de um papel para o outro, e contar com adereços e roupas adequadas para cada momento, constituem requisitos indispensáveis para a obtenção de sucesso na vida social. Durante a execução de uma peça, quem não sabe atuar é um perigo para o elenco e acaba sendo afastado do grupo.
Enquanto atuamos, nossos comentários e expressões de surpresa, de aprovação, de ironia ou desgosto moldam a opinião que os demais têm de nós. Somos conscientes disso, e exatamente por esse motivo, gerimos nosso discurso, ponderamos nossos gestos e monitoramos nossas reações. Todos atuamos a todo momento e definimos nossos papéis baseados no contexto em que estamos, buscando nos encaixar nele naquele momento.
Esse ajuste pessoal a um papel, essa definição pessoal perante os demais, é algo que acontece a todo momento, sendo um esforço presente em todas as interações sociais. Como os atores de um filme, é possível que comecemos a obra (um trabalho, um relacionamento ou um curso em uma universidade) com uma personagem indefinida, ainda pouco explorada, mas aberta a se modificar de acordo com o enfoque que está sendo apresentado e com a reação da audiência. A partir daí, dedicaremos nossa vida a se ajustar à personagem, ao menos até que o filme termine e tenhamos que tirar essa máscara para procurar outras (somos demitidos do trabalho, pedimos o divórcio, acaba o curso da universidade, etc).

Imagem, ocultação e moral

Para Goffman, no contexto dessa dramaturgia social as pessoas tentam apresentar uma imagem idealizada cada vez que interagem ou atuam. Isso se dá pela simples razão de que estamos convencidos de que é benéfico ocultar algumas partes dos outros ou de nós mesmos:
  • Ocultamos o processo de preparação do nosso papel. Como o professor que, após preparar uma aula durante horas a ministra fingindo que sabe tudo de cor, preferimos oferecer aos outros apenas o resultado final de toda a nossa atuação. Nada de mostrar os erros de gravação, nem de mostrar quantas vezes precisamos repetir cada fala até que ela fosse enfim memorizada. Isso tudo fica apenas nos bastidores.
  • Ocultamos o trabalho sujo realizado para conseguir o papel. Nossa personagem pode ser incompatível com tudo o que fizemos até então, e até mesmo com nosso esforço para chegar a algum lugar e com nosso merecimento de ter recebido aquele papel. Pensemos em um políticoque chega a um cargo público por meio da compra de votos… ele certamente vai omitir essa parte da sua interpretação.
  • Ocultamos aquilo que nos impediria de seguir atuando. Muitas vezes ficamos calados ou evitamos reagir diante de humilhações que podem afetar a imagem que escolhemos passar.

Dramaturgia social

Como o próprio Erving Goffman dizia, na nossa condição de atores, os indivíduos se preocupam em manter a impressão de que cumprem as regrasque podem ser aplicadas em qualquer julgamento, mas esse mesmo indivíduo não se preocupa enquanto ator no problema moral de cumprir essas regras. O que importa é apenas o problema amoral de fabricar uma impressão convincente de que está cumprindo seu papel. Nossa atividade se baseia em grande medida em parecer moral, mas na verdade não temos qualquer interesse moral na nossa atuação social. Somos mercenários da moralidade enquanto atores. E não somos mesmo?

Concurso de Vídeos "Luz, Câmera, Educação!"

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) lança o concurso de vídeos de um minuto “Luz, Câmera, Educação!”. A participação é voltada para trabalhadores em educação de escola pública sindicalizados, estudantes de escolas públicas e seus pais ou responsáveis. A etapa de votação do Júri Popular será aberta para toda a sociedade. O objetivo é dar visibilidade à educação básica no Brasil dentro da 20ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que vai se realizar de 22 a 26 de abril em todo país.
O(a) autor(a) do vídeo vencedor de cada uma das 3 categorias (estudantes, professores sindicalizados e comunidade escolar) mais o(a) da escolha especial do Júri Popular, receberá um troféu e um prêmio equivalente o Piso Salarial Nacional do Magistério.
Leia o regulamento, o termo de uso e inscreva-se gratuitamente por aqui.
De:

Editais de Cultura

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11/04/2019

A importância da pausa na interpretação.

Foto: Diego Cabral Fotógrafo
O ator é um ser ansioso de mais. Deseja de mais, ama de mais, se entrega de mais e sofre além da conta. Por esse motivo que é quase uma unanimidade no palco o ator que não respira. As vezes ao observarmos um jovem ator, principalmente, temos a impressão que ele vai explodir. As veias do pescoço saltam, os olhos querem sair das calotas e quase sempre terminamos a cena casados.
Claro que estou dramatizando, mas o fato é que as vezes temos mesmo essas sensações. 
E o que provoca isto?__ A pausa. Ou a ausência dela.
Quando estamos interpretando e temos uma frase longa é necessários que façamos pausas, que usemos essas pausas para prender a atenção do público, para dar mais profundidade e trabalhar melhor a intenção do que queremos dizer. A pausa é importante para que o texto não fique corrido, para que a nossa interpretação se torne mais convincente e que o espectador, entenda exatamente o que falamos.
Você pode ser um excelente ator/atriz e perder uma cena se não fiz as pausas bem feitas, porém se for um péssimo ator, ou uma atriz mediana e se consegue trabalhar bem a pausa, certamente  convencerá melhor e consequentemente terá os olhos de quem interessa voltados para voce.
Portanto, trabalhem as pausas. Esqueçam a pontuação ortográfica e as substituam por PAUSAS. 
Isto irá te ajudar imensamente na cena e atrairá elogios e olhares para seu trabalho.
Lembrem-se, respirar é vital. O ator é dono do tempo, do texto, portanto não tenha pressa em terminar a frase,. curta, saboreie, deguste cada palavra com o tesão de um beijo. 
Boa pausa!
Rosinaldo Luna