28/03/2015

FJA exonera artista de Campestre da Casa de Cultura e quem vai administrar a cultura lá?

Foto; Boi 7 Estrelas
Poucos são os conhecedores dos costumes e saberes do seu povo. Poucos são os artistas gestores com capacidade de detectar e indicar todas as manifestações culturais de nosso estado.  Porém, não é suficiente essas capacidades para os que gerem a politica neste país. Parece que o importante é a pose, e os acordos políticos. As vantagens e benesses dos cargos.
Hoje o estado está mais pobre culturalmente pois perdeu um grande gestor, artista competente e articulador conhecido  em todo o estado pela garra e compromisso com a cultura popular.
Quando a casa de Cultura Palácio Borborema, em São José de Campestre estava fechada e abandonada pela fundação José Augusto, o agitador cultural Alexandre de Campestre reuniu um grupo de artista e tomou a frente em um movimento em prol da salvação do espaço que ganhou vida e passou a pulsar e produzir arte naquela cidade.
Referência na dança popular, dirige alguns grupos e pontos de cultura. Boi 7 Estrelas, e o Flor de Muçambê, que representam o município e o estado em festivais em todo o país, chegando a serem convidados a participarem de festivais internacionais, o que não conseguiram devido à falta de apoio das gestões municipal e estadual.
O grupo se mantém de projetos e pela garra dos seus integrantes, que por este motivo se dedicavam de corpo e alma Á Casa de Cultura Palácio Borborema, esta mesma que estava abandonada pela gestão estadual e municipal, e que foi resgatada por Alexandre e seus guerreiros.
Não consigo conceber o movimento cultural de um município sendo tratado por quem  não conhece nada do movimento cultural, dos saberes, dos mestres suas particularidades e os costumes de um lugar.
Não estou falando aqui em capacidades, mas em vivência, em cumplicidade, em amor à cultura.
Não sei até quando continuarão com o modelo arcaico de premiar com cargos aliados políticos sem conhecimento e ou capacidades de gerir uma entidade. Um hospital deve ser gerenciado por profissionais de saúde, capacitados para tal, uma escola não  deve ser administrada por um arquiteto, mas parece que a cultura pode ser administrada por quem quer que seja. Já vi um teatro ser transformado em depósito quando um dia foi administrado por um eletricista, e vi esse mesmo teatro ressuscitar e se transformar em uma casa de formação de novos grupos , novos atores e diretores cheios de talentos quando estava sob a administração de um artista comprometido com a arte. Refiro-me aqui ao tão sofrido TEATRO SANDOWAL VANDERLEY no alecrim que depois de sucessivas administrações caóticas teve a felicidade de ficar sobre a regência do bailarino Dimas Carlos que o transformou em um centro de fomentação e formação teatral. Daquele espaço surgiram atores como Gelydson Almeida e Barbara Cristina só para citar alguns.

Campestre perde feio com a saída de Alexandre de Campestre da casa pois tudo que acontece em Campestre tem a mão e a vontade de fazer do Alexandre e o pessoal do grupo que ele dirige.
A casa de Cultura Palácio Borborema respirou arte por causa dele e do seu grupo, não foi a casa que fez o grupo, foi o grupo quem deu vida à casa e a meu ver é um grande erro a exoneração daquele artista.
Estou triste, não sei quais os motivos que levaram um artista como Rodrigo Bico exonerar um profissional como ele, talvez por não o conhecer, talvez pro pressão política, mas conhecendo o Bico como conheço, tenho certeza que ele também está triste com isto.
A Casa não é o grupo de boi 7 Estrelas, mas o Boi 7 Estrelas foi até hoje o coração pulsante da casa.
Um viva a todos do grupo, Parabéns guerreiros, vocês continuarão independente do espaço para os ensaios, o lugar do artista é na rua, ergam a cabeça, não se deixem abater, o grupo continua vivo e agora mais independente que nunca.
Estou de luto.
Amigos estamos juntos.

Rosinaldo Luna