23/02/2022

NA JAULA DA MONGA

ESPETÁCULO A MULHER MONSTRO 
 Por Rosinaldo Luna 



 
 Acredito que a imensa maioria das pessoas já ouviu falar da mulher monstro, a Monga dos parques de diversões, a moça que se transforma em macaco. Essa figura que eu nunca ví, mas ouvi e presenciei inúmeras vezes crianças, adolescentes e até adultos saírem correndo de dentro da jaula da fera. Nunca tive coragem de entrar ali. Tenho um verdadeiro fascínio por esse personagem, a ponto de nunca ter entrado em sua jaula. Até a última quinta feira 17//02/2022 quando fui finalmente assistir ao espetáculo da S. E. M. Cia de Teatro que faz temporada todas as quintas feiras de fevereiro no circo do Bisteca e Bochechinha. Os famosos “prints” das redes sociais foram o impulso para a construção do texto, uma colagem de falas reais de figuras públicas e de anônimos, atualizando o conto “Creme de Alface” do renomado escritor gaúcho Caio Fernando Abreu. A peça aborda os absurdos lidos e ouvidos de forma tão escancarada no dia a dia e, agora, acentuadas nos últimos tempos não só na internet. A criação do espetáculo começou em 2015, na efervescente crise política, financeira, ética e moral do país, e joga na nossa cara a intolerância, decorrente da discriminação vista e sentida no convívio social. Durante pouco mais de uma hora, o ator José Neto Barbosa domina totalmente uma plateia hipnotizada com seu personagem patético, ridículo, preconceituoso, xenofóbico, homofóbico apesar de “ter amigos gays”. Negacionista convicta, se entope de cloroquina, é contra as cotas, contra os programas sociais, contra tudo que não a beneficie e garanta seus mimos de madame fútil. Aponta, condena a morte, aponta arma para os menos favorecidos e minorias e tudo isto com uma bíblia nas mãos e em nome da honra e da família. Alguem já presenciou uma cena com um personagem assim? O espetáculo começa com a monga algemada por correntes em uma jaula. Apesar de nunca ter estado na jaula do monstro, creio que o processo se dá ao inverso, no parque a mocinha se transforma em monstro na peça o monstro se transforma em uma mulher cis, loira artificial, e muito mais monstruosa que o próprio monstro que a aprisiona. Escrita pelo próprio José Neto Barbosa, esse jovem ator potiguar que tem hoje destaque nacional tendo ganhado os mais importantes prêmios do teatro brasileiro, inclusive com o Prêmio de Melhor Monólogo Nacional pela academia de artes do teatro no Brasil e melhor ator e melhor espetáculo pelo Festival Internacional Janeiro de Grandes espetáculos onde recebeu o prêmio COOPERGÁS. 
 Polêmico, o espetáculo teve problemas em vários lugares por onde passou. No festival de teatro de Curitiba foi proibido de ser apresentado no espaço oficial do evento, porém, se apresentou na rua, nas ruinas históricas, de forma gratuita e teve recorde de público. Em Pernambuco o ator foi apedrejado por militantes bolsonaristas que invadiram o local da apresentação e atiraram pedras contra os artistas. Mesmo assim, eles não desistiram.

José Neto Barbosa

Depois da chegada aterradora da pandemia, como todos os artistas, a companhia entrou em recesso forçado só retomando as atividades ano passado, cumprindo todos os protocolos de biossegurança, com público reduzido para garantir o mínimo de risco para quem vai assistir. Fazer um monólogo é uma experiência única, depois de pisar no palco o ator está só, como um barco à deriva. É preciso muita segurança para que o texto seja conduzido, que o ator consiga prender a atenção da plateia e A Mulher Monstro é um dos mais complicados, técnicos e difíceis textos que já vi. O personagem instável, oscila entre lagrimas e gritos de ódio, comicidade e angustia, tudo isso aliado a luz, ao improviso, a interação direta com a plateia num jogo de troca de textos que só um grande ator pode dominar além da cena em si. A jaula onde o ator está aprisionado é uma das soluções cênicas mais opressoras que já presenciei. Confesso que em certos momentos cheguei a sentir pena daquela mulher tão presa, tão tolhida até de pensamentos. Aquela jaula parecia esmagar os ossos da daquele ser que mesmo berrando palavras de ordem e ódio, me parecia um ratinho indefeso diante da força do seu predador. Tiro meu chapéu para o José Neto. Técnico sem esquecer a emoção, seguro, objetivo e consciente do que quer dizer e falar. Me impressionou em uma das cenas mais fortes quando a mulher chora, que ficamos, as pouco mais de cem pessoas da plateia; sim, o público é reduzido, estáticos, no mais profundo silêncio por quase cinco minutos. Aquele ator nos acorrentava com os olhos. Tinha medo de respirar alto e ser atacado por aquele ser tão visivelmente instável. Depois desse tempo, esperando o que viria depois, aquela mulher que esbravejava, gritava, xingava e ofendia se desmancha em pranto diante de nós. Ela indefesa em sua prisão e do lado de cá, todos nós, incapazes de fazer alguma coisa, igualmente presos e oprimidos em nossos traumas e frustrações. Na realidade, estamos nós também aprisionados em nossas jaulas, sejam filosóficas, sejam ideológicas, religiosas, sociais. Estamos todos presos e imobilizados por nossos próprios monstros. Todos nós temos uma monga dentro de nós. Monstros impostos por padrões e regras sociais que são criadas para dominar e aprisionar. 
Tenho muita admiração pelos atores. Tenho ainda mais admiração pelo ator José Neto Barbosa e por tudo que ele representa para o teatro potiguar. Ainda dá tempo de conferir. Bom espetáculo a todos. 

Rosinaldo Luna 

 SERVIÇO: Espetáculo Teatral A Mulher Monstro 
Dias: 03, 10, 17 e 24 de fevereiro 2022 (quintas-feiras) 
Horário: 20:00h 
Local: Estacionamento do Shopping Cidade Verde – Circo Bisteca e Bochechinha Endereço: Av. Ayrton Senna, 1995, Nova Parnamirim 
Classificação indicativa: 16 anos 
Ingressos: Na bilheteria ou pelo 
Simpla: https://www.sympla.com.br/a-mulher-monstro-no-circo__1466906

11/11/2021

A deliciosa viagem do Proto Henrique IV

 


Foto de internet
Ola. Voltando aqui parra tentar escrever sobre um espetáculo que assisti pelos meios virtuais esse dias. Proto Henrique IV é uma obra do Pirandello adaptada e traduzida pelo ator, diretor, produtor Claudio Fontana. Um belo e forte espetáculo. EM cena um personagem louco em uma cenografia tão opressora quanto oprimida. Sente-se pela cenografia a angustia, o aperto no peito o sufocar que o personagem sente. Tudo com muita beleza, muita técnica e muita emoção.
Foto de internet

Eu conheci o trabalho do Gabriel Vilella há algum tempo quando ele esteve em Natal e dirigiu o grupo Clowns de Shakspeare em SUA INCELENÇA RICARDO III que lançou os clowns para o Brasil e américa latina. Me encantou o estilo do figurino, do adereço e da cenografia. E desde então tenho procurado ver o que esse genial diretor faz pelo teatro. Tudo no trabalho do Gabriel Vilella é de uma força extraordinária. Em PROTO HENRIQUE IV não seria diferente. De uma sutileza e delicadezas incríveis, Gabriel traduz em suas marcações a delicadeza das pétalas, do cristal, e tem vezes que temos a impressão que o ator pode trincar ao mais sensível toque. Um deleite para a alma.

A loucura é algo fascinante, e me atrai desde muito cedo. Observando os loucos as vezes tenho a impressão de que são os únicos capazes de sentir a felicidade verdadeira. Será? No mínimo a loucura sintetiza a liberdade. De não set ter pudores, de não se seguir regras, de não, de não, de não. E em sua loucura Proto Hernique IV nos apresenta um homem atordoado por seus fantasmas, preso em seu mundinho limitado, seu sóton(?). Talvez. Nesse belíssimo texto, O personagem do Pirandello vive em seu mundo imaginário desde que sofreu um acidente de cavalo e ao retornar do trauma continuou a viver como o rei Henrique IV, personagem de que se fantasiara no momento do acidente e que passou a viver como sendo o próprio.

Foto de Internet
Interpretado pelo excelente ator Chico Carvalho, o espetáculo nos devora, nos leva para o interior do personagem, nos prende do inicio ao fim. Em parceria com o Chico, um jovem ator. Igualmente forte, igualmente talentoso, Breno Manferedine é um rapaz que poderia se dizer que tem muito a aprende, porém me parece que ele já chegou no palco pronto. E creio que sim. Ambos no promovem um jogo espetacular. nos mostrando o quão importante é para uma produção, um elenco afinado, equilibrado e talentoso.

Gabriel Vilella e Claudio Fontana, diretor e produtor, respectivamente acertaram muito na escolha do elenco.

Foto de internet
A maquiagem é outra atração à parte. Temo horas que não se pode saber para onde ou o que admirar mais: a cena dramática realizada por dois excelentes atores, a maquiagem irretocável e bela criada pelo Claudinei Hidalgo, a magia dos figurinos do Gabriel Vilella ou a sutileza, a delicadeza, a alma suave do diretor que imprime sua identidade em formas e marcações. Que lindo é o trabalho desse homem. 

Se você ainda não assistiu ainda é possível. o espetáculo ficará disponível de  sexta a domingo, às 20h de graça até o dia 05 de Dezembro pelo Sympla, www.sympla.com.br e divirta-se muito.

Recomendo a todos que gostam e admiram uma bom teatro que aos poucos está retomando seu espaço. Que os deuses nos guiem de volta e plenamente.

By Rosinaldo Luna

Serviço:

Teatro

Texto: Luiggi Pirandello

Direção: Gabriel Vilella

Produção e tradução: Claudio Fontana

com Chico Carvalho.

13/09/2021

Mais de Insight Insano.


Tenho recebido alguns feedbacks relacionados ao monologo Insight Insano que estreei  dia 20/08 e alguns me chamaram muito a atenção. Resolvi publicar este que me fez ver o espetáculo com outros olhos, além da minha própria
concepção, o texto da querida Graças Luna me fez pensar novas perspectivas. Estero que gostem tanto quanto eu de suas palavras.

"Desde que eu nasci, eu vivo aqui" Diz Ícaro. Que belo começo! 

Quem de nós se dá ao privilégio de se colocar no mundo dessa maneira? Perceber-se como Ícaro? Quem em algum momento parou pra pensar que desde que nascemos vivemos e fazemos parte de um contexto? Basicamente poucas pessoas se dá ao luxo de pensar assim. Ora, em Insight Insano, eu penso, que Ícaro é um personagem capaz de relatar seu mundo interior, embora se preocupe de que os outros "vão pensar que" ele "é louco". Ele, inteligentemente, fala das "máscaras", da sua própria e das nossas. Penso que isso é algo tão real! Todos nós usamos máscaras! E de fato,  as nossas máscaras não permite que os outros "vejam" nossa "alma"! E Ícaro diz de forma tão singela e profunda: "A máscara, a dona do meu ser!!" quão verdadeiro é ele neste momento! Penso, que muito mais verdadeiro que qualquer pessoa sã! Não que eu esteja diagnosticando ele de louco, não me responsabilizaria por tamanha afirmação! Ora o "rapaz" não quer ser um louco, quem de nós quer? Mas quantos de nós tem esse potencial de ser louco em algum momento e destravar a língua e o inconsciente de modo a deixar cair nossas máscaras, e deixar fluir o  pensamentos, as angustias,  sofrimentos, dores, solidão, fraquezas e desejos?  escaparem de nós até que estejamos esvaziados de tais sentimentos a ponto de nos sentir curados deles? Ou pelo menos dá a eles uma ressignificação diferente, de modo a favorecer nossa saúde mental e física? Poucos. Penso que alguns de nós nem percebemos que vivemos realmente atrás de "máscaras" e a colorimos ou não, de acordo com as situações que a vida nos impõe. Quem diria que sem querer,  fazemos isso como se manipulados, eu penso,  pelo nosso inconsciente? Algo que me chamou também atenção em Ícaro é que ele questiona-se sobre a própria morte, "acabou a luz da minha vida", debocha ele da viúva chorosa".  Muito cômico se não fosse irônico!

 Insight Insano, penso que é algo realmente, capaz de nos fazer pensar sobre nossa própria existência, nossa  saúde mental, a saúde mental do outro, e o que carregamos dentro de nós mesmos, fechado a "sete chaves", e o que pensar sobre nossa e própria existência no mundo. Mas é difícil perder se dentro de nós mesmos, quase ninguém o quer. Dói para Ícaro e dói para nós também... Como diria Clarice Lispector: "É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo." E é assim, penso, que vamos enganando-nos  vida a fora rumo a morte... "Mas eu não quero morrer" diria o Ícaro. Mas sim, penso que morremos cada dia um pouco, por trás de nossas lindas máscaras. E chamamos isso de viver.

By Graças Luna

08/08/2021

Musicas Faladas no you tube

     Cantar é algo que nasceu em mim. Canto. Gosto muito de cantar mesmo que seja como a música do Cazuza dizia "Eu sou assim com a minha voz desafinada... Canto pra me mostrar. De besta" Mas cantar é na realidade uma válvula de escape para mim desde sempre. Canto em casa, no banheiro e de uns tempos para cá nas redes sociais. Porém, muito prazeroso é "falar" música. Pegar a letra e interpretar, como quem interpreta um texto, recita um poema. Pegar uma letra interessante e transformar em uma conversa.

https://www.youtube.com/watch?v=_Nr-ijSgMPw

    Que visita meu canal no youtube já viu, certamente as músicas faladas. Quem não está perdendo. Então vamos levantar sesse dedinho e clicar no link abaixo e se inscrever? Não dói e nem custa nada. Só o tempo do seu prazer.

https://www.youtube.com/channel/UCLhA54GR42v8hb5LwTJG6Cg

INSIGHT INSANO te levará a descobrir qual o grau de loucura você vive.

 



Coma-se, devore-se e perceba que tudo que está em ti nada é seu, nem o pensamento...são máscaras... Máscaras que permitimos modelar por outros, que não são nós mesmos, que não estão preocupados conosco, mas obrigar nos fazer o que eles querem,  que sejamos o que eles próprios jamais serão. Somos moldados para poderem esconder-se por trás de nós ou de si mesmos... (Ícaro)

 

Com esta fala, Ícaro convida a uma mudança, a partir de dentro. Esse grito conscientiza todos que estamos sempre preocupados em agradar o outro. E isto vai nos fechando, nos adoecendo até o momento que nos conscientizamos e quebramos a carcaça. Os padrões e protocolos que nos aprisionam.

 


Durante a pandemia o ator se reinventou, buscou novos formatos e descobriu  novas formas de trabalhar. Invadiram as redes sociais, os streams, e partiram numa avalanches de lives, de video, performances e toda sorte de recursos criativos para não parar suas atividades e claro, não enlouquecerem. O resultado foi a descoberta de novos formatos e de novas formas de levar o teatro até os lugares mais improváveis, seja na telo da tv, do computador ou dos aparelhos celulares, o teatro esteve presente. Curando o tédio do isolamento e afastando os sintomas da depressão.

É nesse cenário que se desenvolve a temática do INSIGHT INSANO, monólogo escrito e encenado por Rosinaldo Luna, ator potiguar que traz para o palco seu Ícaro, personagem preso nos labirintos da mente, perdido no limbo, sem noção do espaço tempo, porém em busca de si. Ícaro está preso em sua mente e a única referência do externo é um jornaleiro que passa diariamente e que é uma holografia de si num passado distante, que passa todos os dias, no mesmo horário e que repete o mesmo ritual: joga um jornal e vai embora ignorando os gritos solitários do Ícaro o convidando para um chá.

Inspirado em dois textos psicológicos, O DIARIO DE UM LOUCO de Nicolai Gogol, teatrólogo russo e A VALSA Nº 06 de um dos maiores teatrólogos brasileiros, Nelson Rodrigues; Rosinaldo Luna foi buscar nesses dois autores, material para tratar sobre a loucura.

Tomando como base os padrões impostos pela sociedade: beleza, estéticos e materiais, temos em cena um homem enlouquecido sob a pressão social e os conflitos constantes por enquadramentos em discurso e posturas politicamente corretos, que geralmente vem de forma vertical, de cima para baixo e onde o simples fato de questionar pode tomar um rumo desastroso para o questionador.


A proposta desenvolvida é muito nova para todos os artistas envolvidos no processo. Os ensaios foram de forma virtual até as últimas semanas da montagem, partindo para o palco apenas para os desenhos de luz e som. A forma on line traz novos elementos que interferem de formas diversas. O gato, o cachorro do vizinho, o carro que para a visita que chega de forma inesperado no meio do ensaio, ou uma chuva torrencial que cai de repente não dando tempo para recolher material, uma vez que o ensaio se deva na área externa da casa. É talvez o trabalho mais solitário já realizado pelo ator. Este novo ambiente obriga o ator a desenvolver maneiras de distanciamento total dessas interferências.

O patrocínio para a montagem foi possível devido ao edital de auxilio emergencial da #LeiAldirBlanc #GovernoFederal, que tornou possível cobrir alguns custos, porém, foi preciso usar a verba de forma criativa e econômica, o que fez o ator arregaçar as mangas e desenvolver um cenário desmontável, com baixo custo porém funcional, construir figurinos, elementos de cenografia etc. Os adereços de cena foram construídos com técnicas de artesanatos utilizando papel, papelão, revistas e cola. Produtos que seriam destinados ao lixo mas que nas mãos do artistas viraram objetos únicos para serrem usadas na peça. Tornando o trabalho também importante na construção do equilíbrio ecológico.

Fazer cultura nesse país, especialmente teatro nunca foi fácil. O ator sempre quebrou pedras com as unhas para construir suas estórias. Geralmente sem apoio, sem reconhecimento e sem espaços adequados para a plena realização do espetáculo. O ofício do artista sempre foi dolorido, seja em que área atue, sempre foi assim.

Nesses últimos tempos a coisa piorou, foram os primeiros a pararas atividades e serão os últimos a retomar, ao menos de forma presencial e plena. Porém a magia da arte é inerente a alma do artista. Se fortalece a cada muralha que precisam traspor. Aliás, a pandemia desencadeou dentre outros problemas uma nova onda de dor, a depressão; doença tratada como tabu por muitos, silenciosa, cruel e dolorosa. Mortal.

INSIGHT INSANO se faz necessário para todos os públicos, especialmente para empresas que buscam qualidade de vida para seus colaboradores, para alunos dos diversos cursos na área de saúde, principalmente saúde mental, encontros, conferências, simpósios, além da sociedade em geral.

É um espetáculo feito para você se questionar, se perturbar, te tirar do lugar.

A estreia acontecerá no dia 20/08/2021, as 19:30h no auditório da Se. Municipal de Educação de São José de Mipibú/RN de forma presencial com número reduzido de pessoas, respeitando o afastamento social.

OBS: USO DE MÁSCARA É OBRIGATÓRIO.

 

SERVIÇO:

TEATRO - INSIGHT INSANO

TEXTO: ROSINALDO LUNA

DIREÇÃO: MARINA GADELHA

DIR. MUSICAL: NILSON ELOY

PREP. CORPORAL: JANIELE ALLINE

CENOGRAFIA E ADEREÇOS: ROSINALDO LUNA

OP. DE LUZ: JANIELE ALLINE

OP. DE SOM AO VIVO: NILSON ELOI

PATROCINIO LEI ALDIR BLANC

SEC. NACIONAL DE CULTURA E TURISMO

GOVERNO FEDERAL

 

LOCAL: AUDITORIO DA SEC. MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU

ENDEREÇO: RUA 15 DE NOVEMBRO, CENTO, SÃO JOSÉ

HORA: 19:30h

TRANSMISSÃO AO VIVO PELO YOUTUBE

CANAL TV ENGENHO CULTURAL

https://youtube.com/channel/UC4a1rRU1WWKoeozf6B3UzaA

 

 

 

 

 

 

 

 



04/11/2020

Sou amigo do Miguel Falabella



Mentira. não sou amigo do Falabella mas gostaria. Não só pelo artista de sucesso, não pelo grande ator que ele é, não pelo diretor, autor e todos os atributos que esse multi artista representa e executa com tanta propriedade e talento. Não. Sempre admirei o artista Miguel Falabella, mas nunca tinha tido a oportunidade de estar na mesma sala que ele, con vêlo como o Miguel, sem ser o personagem. E me surpreendeu ontem, terça feira 03/11/2020 ao participar de um seminário, A CADEIA PRODUTIVA DO ESPETÁCULO TEATRALDONTADA E CANTADA POR QUEM O FAZ que tem como mentora a professora Deolinda Vilhena da escola de teatro da UFBA e que reunirá até 15/12/2020 os mais seletos profissionais da área. Por lá já passaram Gabriel Vilella, o grande homenageado do projeto até ontem com a aula emocionante do Miguel Falabella.

O artista trabalha com a emoção, sabemos disso, mas o Miguel ele é a própria personificação da emoção. Durante o bate papo de mais de duas horas, que me pareceu 15 minutos, ele deu conselhos, falou de sucessos e fracassos, devaneou, e se emocionou, diversas vezes. 

Eu acredito no artista que chora emocionado quando visualiza uma marca cênica, que chora quando descobre um diapasão, um time, uma pausa. E o Miguel é desse tipo. Artista de alma. 

Me tocou o relato de uma situação que aconteceu em que uma figurante teria sido mau tratada pela produção e ele encontrou a mulher chorando. Essa mulher foi acolhida, ou adotada por ele, como ele gosta de falar e ganhou fala, e terminou entrando para o seriado Pé na Cova que ele escreveu e dirigiu ao lado de grandes atores, dentre eles Marilia Pêra, sua amiga inseparável e inesquecível.

É um artista incansável, que dorme geralmente quatro horas pro dia e que é incapaz de viver longe do palco. Ele atua, canta, dirige, escreve, produz dá emprego um um numero expressivo de atores, coreógrafos, bailarinos, produtores e técnicos e mesmo no meio de todo esse tornado de responsabilidade ainda tem tempo para a delicadeza que é criar o belo, emocionar atores e plateia com seus musicais.

O próximo desafio é o musical MARROM que levará ao palco a historia da grande sambista Alcione, e que a exemplo do ELZA cem toda certeza será um grande sucesso. 

E pensar que foi devido a uma pandemia, um isolamento social forçado, no meio de tanta dor que essa oportunidade única para mim apareceu. Conhecer Nanda Rovere, jornalista paulista que se apaixonou por Natal e que é também apaixonada pelo trabalho do Gabriel Vilella, assim como eu e que desse encontro tem me colocado nesse circulo tão especial do teatro nacional

Só gratidão e felicidade e torcendo para que gerem frutos porque tambem não vou aqui pousar de besta nê? 

Viva o tetro nacional, viva o artista brasileiro e viva o Miguel Falabella.


By

Rosinaldo Luna


25/10/2020

SEMENTES DO... MEU SERIDÓ

 










“Ao sertão sou eu que vou chegar primeiro,

Eu que vou chegar primeiro ao sertão,

Ao sertão sou eu que vou chegar primeiro..."

 kkkk delicia de musica chiclete cantada pelos talentosos Caio Padilha e Marcílio Amorim no espetáculo MEU SERDÓ, projeto da  CASA DE ZOÉ e que escancara para todo o brasil, e para  o mundo o orgulho e o amor que Titina Medeiros nutre e consagra ao seu chão. A terra que lhe pariu e a moldou do barro seco, da poeira dos redemoinhos e certamente, da garra desbravadora do povo nordestino.

Meu Seridó é um espetáculo com cor de terra seca, com a alegria que só são capazes os que venceram as agruras do sertão e que por isso, não tem nada a temer. Nem uma dor, nem uma tristeza tudo se transforma em bons encontros. Em família unida mesmo o pau cantando kkkkk.

A pesquisa foi realizada in loco. A trupe de atores e equipe se embrenharam no sertão de Acarí, cidade situada na região seridó no rio grande do norte e é terra natal da atriz Titina Medeiros. Na realidade não foui um mergulho apenas na geografia seca do semi-arido seridoense, mas um salto muito mais profundo para dentro das raizes, da ancestralidade daquele povo tão peculiar. O resultado é uma descrição minuciosa, quadro a quadro da istoria do surgimento desse povo tão especial e guerreiro.

O espetáculo está em temporada ON LINE GRATUITA minha gente. Domingo dia 25/10 as 20 no canal da Casa de Zoé no youtube.

Parabéns Cesar Ferrario pela direção, Nara Kelly, queridíssima e estupenda atriz arabens pela beleza e feminilidade em cena. Enfim, parabéns a todo elenco. Quero ver muito mais vezes. E que essa pandemia passe para poder rever ao vivo, na rua, no teatro.

ESTE É O LINK: https://www.youtube.com/channel/UCtmoeSTWNu_GmfGX7BJgmbQ então preparem a pipoca, apaguem a luz da sala e vamos embarcar junto com a galera do Seridó.

Porque se não correrem vocês não chegarão primeiro ao sertão. kkk


Rosinaldo Luna

MEU SERIDÓ

Teatro

Gênero: drama

Classificação etária: 12 anos

Duração: 70 minutos

 

Ficha Técnica

Direção: César Ferrario
Dramaturgia: Filipe Miguez
Direção de arte: João Marcelino
Direção musical: Caio Padilha
Pesquisadora: Leusa Araújo
Design de luz: Ronaldo Costa
Cenotécnico: Rogério Ferraz
Produção executiva: Arlindo Bezerra
Operação de luz: Janielson Silva e Ronaldo Costa
Operação de som: César Ferrario
Técnico de montagem: Sandro Paixão

Elenco:

Titina Medeiros, 

Nara Kelly, 

Caio Padilha, 

Marcílio Amorim e 

Igor Fortunato


05/06/2020

Vídeo: Trabalhadores da cultura serão agraciados com Lei Aldir ...
Sou eu quem escolho o que fazer e como fazer da minha carreira. Não que isto se aplique no geral do contexto, uma vez que o mercado nos obriga a fazer certos papeis que não seria exatamente o que se gostaria  de fazer. Viver de arte num mercado tão micro e fechado onde falta tudo, desde incentivo financeiro a postura, ainda colonial de fazer arte, nos dá uma sensação de desamparo. De injustiça em alguns casos.
Eu sou um reclamão sem causa, falo de mais, reclamo de mais. Muito mais pelos outros que por mim. Sou um artista que não vivo da arte, felizmente me propus a ter uma segunda profissão para garantir a sobrevivência da família. Então não justifica esse meu texto? Devido a instabilidade do oficio do artista fiz opção por ter uma segunda profissão que me garantisse o mínimo. Então não poderia nem reclamar, mas falo isso por que vejo meus colegas que optaram por viver de teatro, de musica que sofrem e pagam um preço alto por suas escolhas. Mas vejo neles um prazer enorme de dizer que vivem de sua arte.
Para colocar mais a prova ainda o artista, vem uma pandemia onde fomos os primeiros atingidos e seremos os últimos a podermos voltar aos nossos oficios artísticos e profissionais. Diante de tudo que se tem feito pelos governos para auxiliar os profissionais autônomos, não vi nenhuma indignação ou relação a este auxilio, porém, no momento que se falou sobre o socorro ao setor criativo, inúmeras pessoas posicionando-se contra. Esses mesmos que vivem em frente as televisões, os mesmos que sempre compraram cd's e dvd's piratas e que hoje se utilizam de sites pouco confiáveis para piratear tv a cabo e etc. Continuam baixando musica de graça da internet sem pensar que para produzir, compor a musica, criar a capa do cd, a fotografia demandou-se o trabalho de varias pessoas, que por sua vez geram impostos, que tem outas pessoas dependentes: filhos, pais, mães, esposas, esposos. E você aproveita o produto dessa q=turma no carro, no quarto, nos momentos de lazer e relax. Então porque voce acha que justamente esse profissional que lhe ajuda a suportar o estresse não merece receber pelo seu trabalho como todo profissional informal? Se depois de ler isto e ainda assim continuar o mesmo pensamento, tente viver sem o trabalho do artista. Quero como artista exigir que essas pessoas retirem tudo que tenham em casa que seja produto de arte. não ouça musica, não vejam filmes, series, retirem das paredes os quadros, mesmo as copias compradas nas lojas de artigos populares. Vamos fazer esse desafio?

Rosinaldo Luna
Ator/Diretor/Teatrologo/Artista

28/04/2019

Monólogo - Eu Te perdoo.


EU TE PERDOO
@RosinaldoLuna

(PALCO ESCURO. UMA MUSICA CRESCE ENQUANTO A LUZ VAI ABRINDO EM FIO SOBRE UM VULTO SENTADO EM UMA CADERA DE RODAS).
___ Não quero mais tomar essa porra. Não me obrigue a tomar. Eu não preciso disso... Apenas me ouça. (Grita e se debate) Porque você me tortura dessa maneira? (Black out. Uma musica suave inunda o palco como o silencio. Uma paz vai tomando conta da cena enquanto a luz, em suave igualdade vai crescendo até a Luz geral banhar tudo. O homem na cadeira de rodas nina uma criança). Txu txu txu.... Quem é o baby do papai? Quem é o rapazinho do papai? Hum? Você quer brincar? Kkkk quer? Hummm! Vamos jogar bola? (Como se a criança respondesse) Humm então é isso? Você vai ser um grande jogador de futebol? É?... Não? Ah já sei! Vai ser um médico... E vai cuidar do papai quando estiver velhinho não é?! Tá bom! Tá bom! kkk (Luz geral vai caindo em resistência e fica apenas o foco sobre a cadeira de rodas) Eduardo? Eduardo? Voçê está ai? Venha cá ajudar-me! Traga-me um copo d’água, estou com sede!... Eduardo? (Parece ouvir um resposta) Como é? O que você está fazendo? Estudando? Ah! Tudo bem então. (Parece perceber alguém na plateia. Esse vai ser seu interlocutor. Sempre que fala pergunta a opinião dele) Nossa! Quase tomei um susto kkkk você está ai? Faz tempo que chegou? (Espera a resposta do espectador. Se este não responder insistir) kkkk então devo estar maluco porque só agora o percebí. O Eduardo é meu filho. Adolescência é fogo viu! Nunca está disponível, sempre ocupado, sempre as voltas com a escola. É um garoto muito inteligente, estudioso, mas como todo adolescente dá um certo trabalho. Coisas de adolescente mesmo. Nada de mais. Não sei, hoje acordei assim, me sentindo um pouco preso, como se não pudesse me desligar das lembranças, ou como se as lembranças fossem fatos do presente momento. Não sei. Só sei que me sinto como se estivesse acordando. (Ao espectador) Você já passou por essa experiência? Já teve essa sensação? Kkk de repente me pego aqui, com essa sensação de que algo aconteceu, que estou vivendo algo que já vivi, falando com pessoas desconhecidas como se já a conhecesse, como se fossemos íntimos amigos. Talvez um parente de longa data. O meu filho Eduardo como falei é um cara excepcional, inteligente, porém ultimamente se envolveu com uns amigos meio errados. Digo errados porque os caras não querem nada com nada, só festa, bebem muito e desconfio que usam alguma coisa ilícita. Tudo bem, já fui adolescente, jovem e fiz muitas besteiras, porém, me preocupo como pai. Você sabe como é isso né? Vivi minha adolescência nos anos 80’as, plena abertura politica. O país passando por uma fusão de poderes e principalmente de mudança no regime politico. Saíamos de uma ditadura e passávamos a uma democracia. Mas muita coisa ainda era proibida. Porém isso não impedia de viver. E eu vivi, bebia, fumava um baseado aqui acolá, mesmo morrendo de medo de ser pego, mas era isso que me excitava e incitava. Claro, fazia porque tinha o grupo de amigos que também fazia e eu como todo adolescente queria ser aceito. Estar no grupo. A tal síndrome do pertencer! Porém hoje, como pai, vejo meu filho entrar e sair, as vezes nem diz bom dia. É muita liberdade. Liberdade em excesso penso as vezes. Voce já teve essa sensação, de que temos muita liberdade? Que as coisas precisam dar um certo freio? (Ri) acho que virei careta. Mas como dizia, o meu medo é do Eduardo se envolver com coisas ilegais. Os amigos dele são meio barra pesada eu acho. O Eduardo é um menino bom, as vezes até parece ingênuo, mas sei que no fundo é um cara legal. No dia que ele foi preso, sim, foi preso, porculpa de um amigo. Ele estava com alguns cartões de créditos na mochila. Tenho certeza que foi o amigo dele quem colocou aquilo lá. Mas o fato é que foram presos, Claro que na hora fiquei puto da vida  minha vontade foi de falar: “Eduardo seu filho da puta... Quer me fuder? Que porra você foi fazer da sua vida?” Mas pensando bem a culpa foi minha. Essa coisa de trabalhar demais, de estar sempre correndo aliado a idade dele o fez ficar inseguro. Mas resolvido, vendi meu carro, paguei a fiança... Ele reclamou porque ficou sem carro por uns tempos, mas depois conseguiu um emprestado com os amigos. Ele é muito articulado. Diferente do Carlos. Esse é mais introvertido, mais tímido. Me deu muita dor de cabeça, começou a ficar meio estranho. Se trancando em conchas e não queria se abrir. Sei que é um rapaz excelente, mas tem dificuldade de se relacionar, nunca namorou, vive uma vida que para mim é um pouco solitária mas ele diz que está melhor que eu que não consigo me manter num relacionamento por muito tempo. Mas o fato é que estou aqui agora conversando com o amigo e nem seu nome eu perguntei ainda. Você tem filhos? É casado XXXX? Tem mulher? Mulheres? Eu tenho uma menina. Uma só. Confesso que preferia um varão, mas veio uma menina né?! Depois que separei da mãe dela se afastou de mim, aparece aqui de vez em quando, mas essa não me dá dor de cabeça. É independente, trabalha, e vive ocupada. Beth é o nome dela. Como a Bete Balanço, a música do Cazuza, saca? Uma menina de ouro. Mas muito apegada a mãe. O Carlinhos que outro dia me deu um susto danado. Esteve doente, gastamos para caramba. Dizem que a depressão é o mal do século, Se é eu não sei, mas o que eu sei que é uma coisa devastadora. O rapaz ficou muito mal. Já não comia, não dormia, tinha mania de perseguição. Foi uma batalha mas conseguimos tratar. Ainda está um pouco debilitado, mas já voltou a trabalhar. Está agora morando com um amigo. Eu até gosto do rapaz mas gostaria que ele estivesse morando aqui comigo. Preciso de alguém para cuidar de mim, sabe? Depois do acidente... (Pára como a lembrar de algo terrível) Nossa! Que acidente? Não estou lembrando como foi esse acidente, mas sei que houve um acidente. (As memórias vem em flashes) Sim! Estou indo com uma pessoa, de carro, chove muito... (Luz vai caindo em resistência. Iluminando apenas a parte superior do homem. Como uma fotografia 3x4) A minha vista turva e o tempo fechado... muita água... não vejo a estrada... (Como que falando a alguém do lado) Você quer se acalmar? Está tudo bem! Claro que sim... pronto. Agora a culpa é minha?... Porque você não ficou? ... Mas foi você quem criou todo aquele clima... Ora Maristela! Ciuminhos a essa altura do campeonato não dá... Pára de chilique... para... para... (Estático) Foi sim um acidente. De repente o carro caiu em um buraco, ou bateu em alguma coisa. Lembro de ver a Maristela se debatendo, a água inundando tudo e pessoas correndo e gritando... pediam socorro, diziam para manter a calma... Acordei no hospital e não vi mais a Maristela ao meu lado. Fique sabendo depois que ela não tinha resistido. Minhas pernas não se mexiam mais, eu não sentia meu corpo de cintura para baixo... (Começa a gritar) Dr... Dr... Socorro? O que está acontecendo comigo? Onde está a minha esposa?! Maristela! Maristela!... Como assim?! Ela não resistiu? Não pode! Dr. Quer dizer então que estou viúvo? Ou sou um viúvo? E o Sr. Fica ai me olhando e não me diz nada? Quando que o senhor iria dizer alguma coisa?... Por favor Dr. Eu vou voltar a andar não vou? Maristela eu vou ficar paraplégico Maristela?!Eu não posso ficar sem andar Dr. Não quero ficar dependendo de outras pessoas. Não posso ficar aleijado... Dr. Dr. Porque ninguém nesta porra de hospital não me diz nada? Que merda, onde estão meus filhos? Onde estão meus filhos seus merdas?... (Ao espectador)  E você sabia disso? Me diga rapaz. Me fale... Você também sabia disso? (Caindo em si) Como você iria saber não é mesmo? Desculpa  não era a minha intenção!... O fato é que no hospital eu fiquei alguns dias. Preocupado porque não sabia noticias das crianças... Mas como?! Eles são filhos adoráveis. Eu sempre foi um pai presente. Sempre desdobrei-me para suprir as necessidades. Trabalhei feito um louco para dar tudo que eles precisavam. (Fala com espectador como se este fora o médico) Dr. Quer dizer que estou de alta? Ah! O senhor já ligou para os meus filhos? Claro que sim, eles não vieram me visitar porque devem estar muito ocupados. Afinal todos eles tem uma vida bastante corrida. ... O Eduardo está preso, eu sei. Mas os outros pode ligar...  (Luz caindo em resistência. Permanece o foco sobre o personagem) Estou lembrando.. Os primeiros dias após minha alta foram bem difíceis... Queria sair mas não podia... sem contar que os medicamentos me deixavam irritado... Não minha filha, eu não estou irritado... Calma Maristela... Como assim? Voce não é a Maristela? Quem é você então? Minha filha? Kkkkkk Ah meu Deus. Perdão! Estou ficando louco. Além de aleijado, louco! Quero ir no banheiro... (A uma espectadora como se fosse a filha) Beth quem é esse rapaz? É o seu novo namorado? Ele sempre está aqui. Eu vou logo dizendo, não vou muito com a cara dele não. Não sei o que estou fazendo aqui neste apartamento. Quero ir para casa... É mesmo? E sua mãe?... (Uma tristeza vai tomando conta do semblante) Sua mãe me abandonou. Eu sei. Ela foi embora com o Antonio Fagundes, Ela sempre disse que amava o Antônio Fagundes. Você está namorando demais... Já fez sua pesquisa do colegio. Amanhã tem prova de história viu? (Vai ficando cada vez mais sonolento. Como que dopado) Hoje estou andando muito ruim... Não quero tomar remédio... Já amanheceu. Eduardo?! Você está aí? Quero ir para casa... Não quero tomar esse remédio, ele me deixa assim, mole. Por favor, eu não quero tomar isto... Celina você voltou? Queria ter tempo para pedir perdão... Veja nossos filhos. Estão todos crescidos!... Cuidei sempre deles, sempre. Nunca deixei faltar nada... Agora eles estão cuidando de mim... Não é lindo? Tomam conta de mim... Me dão remédios para dormir! Eu entendo... Está me dando um sono Fagundes... Não, não quero tomar esse remédio Eduardo... Não.. Por favor eu não quero esse remédio quero apenas a presença de vocês... Meus olhos estão ficando pesados... Meus filhos, não me entorpeçam o coração. Antes me deixem partir porque me dói ser um fardo para vocês... Já disse. Não quero mais tomar essa porra. Não me obrigue a tomar. Eu não preciso disso... Apenas me ouça...Eu não quero ir agora... Eu vou me comportar eu prometo...  Não. Eu posso ir sozinho ao banheiro... Carlos me leve ali no Alecrim... Eu vou me comportar. Não. Não me obriguem a tomar isso novamente. Não grite assim comigo... Eu vou ficar quieto, eu juro. Não vou lhe dar mais trabalho... Prometo viu? Alguém poderia me levar para casa? É muito triste ficar aqui cercado de gente estranha. Porque você me tortura dessa maneira?... Meus filhos vocês vieram me buscar? Eu... Eu amo vocês! ( A luz fecha totalmente sobre o homem e a cadeira este vai ficando de pé como que voando ele sai de cena e fica apenas a cadeira sob a luz que vai sendo coberta por uma poeira fininha) (OFF) De repente tudo ficou tão leve. Não serei mais fardo... Eu os perdoo! Carlos você está feliz? Beth?! Eduardo quando volta dessa viagem? Cuidado você vai cair da bicicleta... Não vá para o fundo, o mar está puxando muito hoje... txu txu txu... quem são as criancinhas que o papai ama?!
(Luz fechando até a escuridão total)
FIM














Texto disponível para montagem mediante autorização do autor.
Contato: rosinaldoluna1@hotmail.com

Rosinaldo Luna
Parnamirim/Rn
Abril/2019

12/04/2019

Dramaturgia social: como usamos máscaras para interagir

Texto extraido do blog: A mente é Maravilhosa

É possível analisar nossa interação com os demais como se estivéssemos atuando em uma peça de teatro, como se a vida social fosse uma sucessão de interpretação de papéis. Chamamos de dramaturgia social o enfoque microssociológico focado no estudo das relações entre o comportamento humano e as regras sociais que controlam nossas interações cotidianas.
“A vida é uma representação teatral”. Sócrates debatia, no diálogo da peça ‘O Banquete’, qual gênero teatral, a comédia ou a tragédia, mais se aproximava da vida real. Ele apostava na tragédia. A frase anterior, no entanto, não é sua. A frase é de Erving Goffman e a argumentação dos dois é bastante diferente. Goffman é criador da corrente do interacionismo simbólico. Essa teoria sustentava que a cada interação social que realizamos, tentamos projetar, de forma consciente ou mesmo inconsciente, uma imagem específica de nós mesmos, manipulando a maneira como os outros vão nos perceber.
Para Goffman, nossa personalidade não é um fenômeno interno, e sim a soma das diferentes máscaras que nós usamos ao longo da vida: uma dramaturgia social.

Explicando a dramaturgia social

Tanto o ator teatral quanto o social possuem como principal objetivo manter a coerência em suas interações com aqueles que o rodeiam e com o ambiente. Para transmitir uma impressão positiva devemos contar com habilidades dramáticas e sociais, além do vestuário e adereços necessários. Mas tudo isso carece de importância se os outros atores presentes no cenário não são capazes de coincidir na temática e na definição da situação, nas expectativas e nas limitações da interpretação que nos indicam de forma implícita como agir em um determinado contexto – um entorno social específico.

Casal com máscaras

Alcançar o desenvolvimento nessa dramaturgia social – ou seja, saber se mover por entre os cenários e os momentos em que projetamos uma imagem para os demais e os bastidores (nossa vida privada, que muitas vezes também é uma máscara que usamos apenas para olhar no espelho), assim como mostrar desenvoltura na mudança de um papel para o outro, e contar com adereços e roupas adequadas para cada momento, constituem requisitos indispensáveis para a obtenção de sucesso na vida social. Durante a execução de uma peça, quem não sabe atuar é um perigo para o elenco e acaba sendo afastado do grupo.
Enquanto atuamos, nossos comentários e expressões de surpresa, de aprovação, de ironia ou desgosto moldam a opinião que os demais têm de nós. Somos conscientes disso, e exatamente por esse motivo, gerimos nosso discurso, ponderamos nossos gestos e monitoramos nossas reações. Todos atuamos a todo momento e definimos nossos papéis baseados no contexto em que estamos, buscando nos encaixar nele naquele momento.
Esse ajuste pessoal a um papel, essa definição pessoal perante os demais, é algo que acontece a todo momento, sendo um esforço presente em todas as interações sociais. Como os atores de um filme, é possível que comecemos a obra (um trabalho, um relacionamento ou um curso em uma universidade) com uma personagem indefinida, ainda pouco explorada, mas aberta a se modificar de acordo com o enfoque que está sendo apresentado e com a reação da audiência. A partir daí, dedicaremos nossa vida a se ajustar à personagem, ao menos até que o filme termine e tenhamos que tirar essa máscara para procurar outras (somos demitidos do trabalho, pedimos o divórcio, acaba o curso da universidade, etc).

Imagem, ocultação e moral

Para Goffman, no contexto dessa dramaturgia social as pessoas tentam apresentar uma imagem idealizada cada vez que interagem ou atuam. Isso se dá pela simples razão de que estamos convencidos de que é benéfico ocultar algumas partes dos outros ou de nós mesmos:
  • Ocultamos o processo de preparação do nosso papel. Como o professor que, após preparar uma aula durante horas a ministra fingindo que sabe tudo de cor, preferimos oferecer aos outros apenas o resultado final de toda a nossa atuação. Nada de mostrar os erros de gravação, nem de mostrar quantas vezes precisamos repetir cada fala até que ela fosse enfim memorizada. Isso tudo fica apenas nos bastidores.
  • Ocultamos o trabalho sujo realizado para conseguir o papel. Nossa personagem pode ser incompatível com tudo o que fizemos até então, e até mesmo com nosso esforço para chegar a algum lugar e com nosso merecimento de ter recebido aquele papel. Pensemos em um políticoque chega a um cargo público por meio da compra de votos… ele certamente vai omitir essa parte da sua interpretação.
  • Ocultamos aquilo que nos impediria de seguir atuando. Muitas vezes ficamos calados ou evitamos reagir diante de humilhações que podem afetar a imagem que escolhemos passar.

Dramaturgia social

Como o próprio Erving Goffman dizia, na nossa condição de atores, os indivíduos se preocupam em manter a impressão de que cumprem as regrasque podem ser aplicadas em qualquer julgamento, mas esse mesmo indivíduo não se preocupa enquanto ator no problema moral de cumprir essas regras. O que importa é apenas o problema amoral de fabricar uma impressão convincente de que está cumprindo seu papel. Nossa atividade se baseia em grande medida em parecer moral, mas na verdade não temos qualquer interesse moral na nossa atuação social. Somos mercenários da moralidade enquanto atores. E não somos mesmo?

Concurso de Vídeos "Luz, Câmera, Educação!"

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) lança o concurso de vídeos de um minuto “Luz, Câmera, Educação!”. A participação é voltada para trabalhadores em educação de escola pública sindicalizados, estudantes de escolas públicas e seus pais ou responsáveis. A etapa de votação do Júri Popular será aberta para toda a sociedade. O objetivo é dar visibilidade à educação básica no Brasil dentro da 20ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que vai se realizar de 22 a 26 de abril em todo país.
O(a) autor(a) do vídeo vencedor de cada uma das 3 categorias (estudantes, professores sindicalizados e comunidade escolar) mais o(a) da escolha especial do Júri Popular, receberá um troféu e um prêmio equivalente o Piso Salarial Nacional do Magistério.
Leia o regulamento, o termo de uso e inscreva-se gratuitamente por aqui.
De:

Editais de Cultura

O blog de quem faz a cultura (ser sempre) viva!!!

11/04/2019

A importância da pausa na interpretação.

Foto: Diego Cabral Fotógrafo
O ator é um ser ansioso de mais. Deseja de mais, ama de mais, se entrega de mais e sofre além da conta. Por esse motivo que é quase uma unanimidade no palco o ator que não respira. As vezes ao observarmos um jovem ator, principalmente, temos a impressão que ele vai explodir. As veias do pescoço saltam, os olhos querem sair das calotas e quase sempre terminamos a cena casados.
Claro que estou dramatizando, mas o fato é que as vezes temos mesmo essas sensações. 
E o que provoca isto?__ A pausa. Ou a ausência dela.
Quando estamos interpretando e temos uma frase longa é necessários que façamos pausas, que usemos essas pausas para prender a atenção do público, para dar mais profundidade e trabalhar melhor a intenção do que queremos dizer. A pausa é importante para que o texto não fique corrido, para que a nossa interpretação se torne mais convincente e que o espectador, entenda exatamente o que falamos.
Você pode ser um excelente ator/atriz e perder uma cena se não fiz as pausas bem feitas, porém se for um péssimo ator, ou uma atriz mediana e se consegue trabalhar bem a pausa, certamente  convencerá melhor e consequentemente terá os olhos de quem interessa voltados para voce.
Portanto, trabalhem as pausas. Esqueçam a pontuação ortográfica e as substituam por PAUSAS. 
Isto irá te ajudar imensamente na cena e atrairá elogios e olhares para seu trabalho.
Lembrem-se, respirar é vital. O ator é dono do tempo, do texto, portanto não tenha pressa em terminar a frase,. curta, saboreie, deguste cada palavra com o tesão de um beijo. 
Boa pausa!
Rosinaldo Luna

13/12/2018

SANTANA E SÃO JOAQUIM, UMA ORAÇÃO MILAGROSA.

AUTO DO NATAL: SANTANA E SÃO JOAQUIM, UMA ORAÇÃO MILAGROSA
Texto: Rosinaldo Luna/Claudia Borges
Direção: Rosinaldo Luna
PROMOÇÃO: SEMTHAS - Secretaria Municipal de Trabalho, Habitação e Assistência Social
APOIO: Prefeitura Municipal de São José de Mipibú



Olá
Mais um natal e com ele MAIS UM AUTO.
Será a sexta edição consecutiva de montagens natalinas. Dois projetos. O primeiro em São Paulo do Potengi que permaneceu por quatro anos e que hoje tem continuidade com os artistas potengienses e direção de Edmercio Pereira.
Esse ano estamos preparando a segunda montagem de SANTANA E SÃO JOAQUIM, UMA ORAÇÃO MILAGROSA que tem no texto a parceria da querida poetisa Cláudia Borges. um grande acontecimento que acontecrá nas noites de 21 e 22/12/2018  as 19:30h no largo da matriz em São José de Mipibu..
O texto natalino ganha ares de show popular ao inserir danças e lendas de Mipibú através de grupos para folclóricos compostos por usuários dos serviços de convivência do Secretaria Municipal de Assistência Social e seus funcionários em sua grande maioria.
Esse ano temos a parceria do cineasta e jornalista Nilson Eloy que registrará todo o espetáculo que será transformado em um mine doc. para exposição nas comunidades e distritos do município durante o ano de 2019. Uma maneira de levar entretenimento e arte ao povo, feita pelo povo e para o povo.
Estamos confiantes e felizes por podermos montar mais um trabalho e cheio de gratidão a Maria Suênia Abrantes,Sec. da SEMTHAS, bem como a gestá municipal do Prefeito Arlindo Dantas por acreditarem que esse projeto poderá ir muito além.
Feliz Natal a todos e até lá.
Venha ver, traga a família.

Rosinaldo Luna


AS IMAGENS DE 2017

Nely é Santana

Luan Silva é Anjo Gabriell

Grupo adolescentes. DANÇA ÁRABE