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Vou
falar de Abrazo, espetáculo escrito por Cesar Ferrario e livremente inspirado no
livro dos abraços de Daniel Galeano, que assisti juntamente com minha turma de produção
cultural do IFRN no Teatro Alberto Maranhão. A dramaturgia peculiar do Cesar
Ferrario é sem duvidas um diferencial.
Desde sempre
gosto de teatro infantil. A fantasia contida nesse gênero teatral me leva aos
mais intrínsecos labirintos de minha infância carente de tudo, menos de teatro,
sem nem ter conhecimento disso. Assistir uma peça é sempre uma aventura gostosa
e divertida e ver um espetáculo bem cuidado, encenado e dirigido é tudo de bom.
O espetáculo
fala de um país onde não se permite sorrir, assobiar, cantar e é
terminantemente proibido ABRAÇAR. É nesse contexto que Ferrario ambientou sua
dramaturgia inspirada em desenhos animados e filmes de massinha. Um deslumbre.
Me chamou a atenção
o figurino branquíssimo e impecável, criado pelo fabuloso João Marcelino,
diretor e figurinista premiado, inclusive internacionalmente. Portanto, falar
deste espetáculo é um prazer.
Abrazo é uma peça
sem texto e por incrível que pareça, este nesse caso é totalmente dispensável. Aliás,
essa linguagem está sendo bastante explorada pelo autor em suas peças, haja
vista Sinapsi Darwin, espetáculo da companhia Casa de Zoé que também nos leva
por toda história da evolução humana sem pronunciar uma única palavra.
A cenografia
minimalista e a mistura de animação em três portas que não se abrem, porém que
nunca estiveram fechadas a imaginação, foi outro ponto que me chamou a atenção.
A iluminação é referencial de uma montagem bem cuidada e profissional.
Com um elenco
de excelentes atores, a começar pelo mediador Alex Cordeiro, temos no palco
Dudu Galvão, Paula Queiroz e Camile Carvalho revezando-se entre o rapaz, a avó,
a florista, o soldado , o general e toda a opressão impregnada aos moradores de
um país que desejam mas não podem abraçar.
Abrazo estreou
em 2014 voltada para o publico infanto-juvenil e faz parte de uma trilogia
latino americana montada pelo grupo Clowns de Shakspeare ao lado de “Nuestra
senhora de las nuvens” e ”Dois amores y um bicho”. Com direção de Marcos França
a peça nos remete aos filmes do cinema mudo.
Por fim, recomendo e gostaria de ressaltar a importância desse tipo de projeto de formação de plateia em oferecer oportunidade de pessoas irem ao teatro, poderem entrar num prédio histórico como é o Teatro Alberto Maranhão e saírem encantadas com a magia que a arte nos provoca.
Rosinaldo Luna
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