04/05/2025

Fui arrebatado em 1877 e não consigo retornar.





O nordeste e sua condição, a de verdade e a do preconceito, sempre renderam muito para a dramaturgia. Geralmente cercada de clichês, e maneiras nem um pouco respeitosa, seguimos nós servindo de chacotas e piadas de gosto duvidoso. Para o restante do país, somos um povo que passa fome, que não tem água para beber e que por isso, nos mantêm num lugar de inferioridade, como cidadãos de quinta, sexta classe. Quando o texto é escrito por alguem do sul ou sudeste então. Não é raro, mesmo agora com a revoada de grandes atores nordestinos às telenovelas e stream's, ouvirmos interpretações clichezudas e sotaques completamente fora de tudo que somos. Me deixa indignado. Me deixa ofendido. Não consigo assistir uma nordestina interpretada pela Suzana Vieira, por exemplo. Isto é uma questão pessoal minha. Mas não apenas ela, até atores de origem nordestina caem nessa situação. 
Lembro que até alguns anos atraz, quem desejasse pleitear alguma coisa, necessariamente teria que treinar um sotaque neutro. Isso para mim é o mesmo que esfriar o sol, nós somos o que somos. E isto é o que é.
Porém, para nossa salvação e deleite o teatro, sempre nos brinda com obras tão singulares e sublimes que até as dores impressas em cada poro dos atores nos enche de emoção e orgulho de ser feito desse barro seco.

Falo de 1877, espetáculo criado pelo elevado diretor caicoense Lourival Andrade Júnior e montado pela célebre Associação Cultural TRAPIÁ.
Com uma cenografia cortante, a cor e os seres moldados na argila, temos um drama belissimo, profundo, analitico, que apesar de se passar em 1877 tem um discurso político, atual, engajado e consciente. Saí do teatro ainda em devaneio. 

Me emocionei em diversoso momentos do espetáculo e gostaria de convidar você, que por acaso leia esse blog, que não deixem de ir ao teatro assistir 1877, vale muito a pena. Cada segundo, cada lagima rolada, no rosto dos atores, e no seu também, pode ter certeza disso, é uma lágrima de superação, de homenagem aos ancestrais dos quais a natureza retirou o barro para nos forjar.

Como se não bastasse, a Associação, juntamente com a competente produtora cultural Tatine Fernandes, criaram o projeto Trapá Semente, que vem formando grupos de teatro em todos os municipios da região seridó e, com o apoio indispensável da COSERN através de seus editais alem do SESC. 

A trapiá arrebanhou 7(sete) premios no 11° FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DO PIAUÍ, que aconece em Floriano e é um dos maiores festivais do país.
PÊMIOS
Melhor Espetáculo
Melhor Espetáculo - Júri Popular
Melhor direção -  Lourival Andrade
Melhor Ator - Alexandre Muniz
Melhor ator coadjuvante - Pedro Andra
Melhor Maquiagem - Bruno César
Melhor Figurino - Monica Beloto

Me rendo aqui e faço reverência a grandiosidade do tetro potiguar, caicoense, sertanejo.
Rosinaldo Luna

OBS:
Para esclarecimentos, esse blog não é para escrita de textos jornalisticos, técnicos. Ele é um diário de coisas que eu sinto, que me tocam e me arrebatam, e 1877 continua me arrebatando a cada cena que eu revisito nas memórias. 
Parabéns Trapiá: Lourival, Alexandre, E,anoel Bonequeiro, Tatianne e toda equipe.
Quero ver, rever, tornar a ver. Sempre e VIVA O TEATRO POTIGUAR DO INTEIRO. SOMOS GRANDES.
Rosinaldo Luna

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