25/11/2009

A fé popular


A fé popular sempre me encantou. É bonito de ver no mês de maio, ou era bonito, as procissões de lanternas. Os cantos, os benditos. Hoje não se vê mais essas manifestações, ou pouco se vê. Lembro da tristeza que senti quando da procissão de São José. Uns poucos gatos pingados, e nenhum entusiasmo. Parecia que as pessoas que estavam ali, não estavam lã. Eram dois corpos distintos e independente. Enquanto uns cantavam os cânticos, outros passavam e distribuíam acenos, riam, falavam coisas engraçadas uns para os outros. Acredito que isso estava acontecendo porque tinha um grupo de senhoras que olhava as pessoas nas calçadas, em frente às suas casas, comentavam algo e riam. Como aquelas pessoas riam, riam mais que rezavam. Eu lembro que quando pequeno, haviam algumas procissões no mangericão, no cabaço, e era uma das coisas mais bonitas que aconteciam. Essas imagens ainda guardo na mente até hoje, Lembro da procissão de seu ZéRita lá no mangericão, dona Marilda era a rezadeira oficial, ainda hoje é, e havia um respeito profundo. Todas as pessoas adultas iam ali para rezar de verdade, apenas as crianças, essas sim, aproveitavam para se divertir, brincar, e comer muito na festa que acontecia depois. Lembro dos bolos pretos, de leite, das galinhas arrematadas no leilão. Aquilo tudo, vim a entender algum tempo depois, trazia todo um significado. Mas hoje é difícil ver esses acontecimento da maneira que deve acontecer, com o desvelo e respeito que realmente deve acontecer. Mas como tudo na vida muda, a fé também muda, as formas de expressar a fé também muda, e as culturas também vão tomando outras formas, se moldando á época, sofisticando-se e finalmente, morrendo.
O papel do artista é conservar e resgatar os saberes sem deixar que estes desapareçam simplesmente. Vamos zelar por isso?
Rosinaldo Luna

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