13/01/2011

Tombamento do Centro de Natal

A tribuna do norte do dia 16/12/2010 trouxe uma matéria sobre o tombamento do centro histórico de Natal. Um importante passo para a preservação, mesmo que tardia da nossa memória arquitetônica. Leiam parte da matéria transcrita para esse blog. O texto é da repórter Luana Ferreira.

O melhor e mais precioso livro da história de Natal, o Centro Histórico foi finalmente tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última quinta-feira. Virou tudo patrimônio cultural brasileiro, como o Recife Antigo, em Recife, e o Centro Histórico de São Luiz, só que com muitos anos de atraso. Com o tombamento, as ruas, ruelas, becos, casas, igrejas, calçadas, praças, linhas férreas, porto, iluminação e os 550 prédios que deram forma, cor e alma a parte da Ribeira, Cidade Alta e Rocas nos últimos quatro séculos não poderão mais ser modificados de maneira aleatória. A festa de Sant´Ana, em Caicó, foi registrada como bem cultural imaterial.
Rodrigo Sena
Mesmo em péssimas condições, o prédio do antigo cabaré Arpege, na Ribeira, foi tombado pelo Iphan
O dia, considerado histórico por arquitetos e pesquisadores de Natal, passou despercebido pela maior parte dos potiguares, apesar do trabalho de esclarecimento que o Iphan vem realizando nos últimos meses. “Aquilo é um livro aberto, as ruas, as casas estão contando a história da cidade”, comemorou o arquiteto Haroldo Maranhão, chefe do departamento de patrimônio cultural da Funcart. Quando informados pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, os comerciantes e moradores do local demonstraram mais preocupação com as reformas que poderiam não acontecer nas propriedades deles do que curiosidade com o futuro do Centro Histórico. Essa é a primeira vez que um tombamento em conjunto é realizado no Rio Grande do Norte, e a quinta   que a esfera federal reconhece um patrimônio em Natal: os outros são a Fortaleza dos Reis Magos, o Sobradinho (Museu Café Filho), 13 imagens de santos que pertencem à Arquidiocese de Natal e a Pinacoteca do Estado. Os argumentos usados pelo Iphan foram a necessidade de preservação do traçado das ruas, que sobreviveu à vinda dos carros e outras mudanças, e a heterogeneidade da arquitetura.

De acordo com um estudo feito pelo Iphan, cerca de metade dos 550 imóveis tombados em conjunto estão descaracterizados ou foram substituídos por edificações contemporâneas. A outra metade conta nossos quatro séculos de história.

Há dezenas de imóveis reconhecidos pela prefeitura do Natal e Governo do Estado como patrimônio cultural nos últimos anos, mas isso não quer dizer que venham sendo tratados como jóia rara: muitos estão em ruínas, em Natal e no interior.  Um exemplo emblemático é a casa do ex-prefeito de Natal Djalma Maranhão (na esquina das ruas Afonso Pena e Jundiaí): apesar de tombada, já está tão descaracterizada que já se fala em “destombá-la”. A pergunta é imediata: isso vai mudar alguma coisa?
A pergunta da jornalista é pertinente. Ai mudar alguma coisa? Gostaria de acreditar nisso, afinal, alguém lembra da casa na esquina da Prudente de Morais com a Rua Potengi em Petrópolis? Ali onde está um flat hoje? Potengi Flat? Os que têm mais de vinte e alguns anos pode lembrar. Uma casa maravilhosa que tinha até sótão, porão. Uma relíquia que foi derrubada sem nenhuma cerimônia. E já se falava em plano piloto etc. Pena que as pessoas não tenham na mete a importância de cultuar suas raízes. A principal preocupação dos comerciantes não é o que poderiam lucrar preservando essas jóias da arquitetura e da historia do nosso estado, porém ficou claro na matéria que a preocupação do povo é em não podem mais continuar derrubando e re (de) formando os prédios. De qualquer forma, ao menos agora é oficial. Parabéns pela iniciativa do Iphan. E parabéns à Tribuna do Norte por levantar o assunto.

Bya
Rosinaldo Luna.

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