05/12/2010

PRODUÇÃO TEATRAL - SÉTIMA CONVERSA


  SELEÇÃO DE ELENCO

Pois é galera. Já somam sete conversas, espero que estejam sendo úteis. Durante esse tempo de envolvimento com o fazer teatral, um dos problemas encontrados é o elenco. Nós ainda não temos a política da imparcialidade, confesso que também pratico o paternalismo, e é comum essa pratica. Mas é preciso que os profissionais comecem a tratar o assunto de maneira mais profissional. Claro que para o diretor é confortável trabalhar com amigos. Isso torna o trabalho mais interessante, porém, cria-se com isso uma ilha de exclusão, e limita o mercado a trabalhar sempre com os mesmos elencos.
Esses grupos estão aí há muito tempo. Sempre as mesmas pessoas contratando as mesmas pessoas. Claro, que todos os personagens dessa discurção estão lá por talento, porém, existem outros talentos que não conseguem aparecer no mercado por não fazer parte desses grupos.
Outro dia, conversando com uma pessoa ligada ao movimento em Natal, perguntei sobre a contratação de pessoas para um famoso festival de teatro e a mesma me falou que não quer ninguém além das que já estavam lá. Que o grupo funciona e que não quer mudar nada. Tudo bem fiquei calado, porém acho que esse grupo deixa de adquirir elementos novos para o processo.
A prática de grupos prejudica muito o movimento cultural da cidade. Se o profissional não estiver nos grupos trabalho perdido, não entra em processo nenhum. Isto sinto na pele, se dependesse dos movimentos estaria morto, mas graças a Deus não me enquadro nessa condição. Claro, às vezes fico triste, pois sei da qualidade do meu trabalho, porém não posso forçar ninguém a contratar meus serviços. Agora é chato você ver pessoas que não tem a mesma experiência que um bom ator atuando em todas as montagens simultaneamente, enquanto outros muito melhores preparados ficando de fora. Uns fazendo vitrines natalinas, ou frente de lojas para complementar o orçamento.
Portanto, o ideal para o sucesso de um projeto é o critério de seleção de elenco. Deve-se contratar o profissional por currículo, ou por convite, portanto que esse profissional esteja dentro do perfil do personagem e não por se amigo, assim, corremos o risco de contratar um bom ator e queimá-lo por não estar inserido no biótipo do personagem para o qual foi contratado para fazer.
A seleção deve ser imparcial e o diretor juntamente com uma equipe de profissionais capacitados escolherá o elenco que representará o espetáculo. Uma boa produção está acontecendo em Natal, no que se refere a seleção imparcial. O musical Beco da Alma de Claudia Magalhães tem direção de Danilo Guanais e João Marcelino. E seguiu um esquema de seleção muito boa. Primeiro a seleção de currículos, segundo a primeira audição e depois a segunda, onde foi selecionado o elenco. E não houve proteção, nem preferências, atores amigos dos diretores foram desclassificados por detalhes, como a foto exigida na inscrição.
Essa postura da equipe do musical me deixou orgulhoso. E sugiro a todos vocês que se espelhem nesse exemplo. Não levem em consideração os laços de amizade apenas, contratem amigos profissionais e não profissionais amigos. Você pode até deixar algum colega chateado, porém, se você contrata um profissional por amizade corre o risco de perder os dois, o profissional e o amigo.


By
Rosinaldo Luna.

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