Teatro Infantil "O PLANETA EM APUROS"

                                                 O PLANETA EM APUROS

PERSONAGENS:

MENINO

PEIXE

CARCARÁ

CORUJA

PORCO

RATO

VACA

COBRA

MORCEGO

BURRO

CACHORRO

PROFESSORA BORBOLETA

Cenário branco. Uma grande tela onde serão projetadas imagens durante o espetáculo. (Uma música suave, na tela em fade in uma imagem de lagos, montanhas, imagens de cardumes, de pássaros, um paraíso. Uma música triste enche o ambiente. No centro do palco vê-se sentado um menino).

MENINO -       (À plateia) Oi... Meu nome Pedro. (Interage com a plateia. Pergunta os nomes das pessoas)... Sabe, eu estou com um sério problema. Desde ontem à noite. Tive um sonho estranho. Sonhei que era a terra. É!... O planeta terra. Gente mais que coisa tenebrosa!... Acordei todo dolorido, com falta de ar, minhas costas ardem como se estivessem queimando. Foi horrível, e sem falar que desde que acordei que só tenho vontade de chorar. (Retira um biscoito da mochila, come um e joga a embalagem no palco).

PEIXE -                        (Vestido de peixe surge do canto esquerdo alto do palco meio diagonal. Nada com muita dificuldade. Traz em seu corpo restos de plásticos, pet de refrigerante...) Nossinhora. Esse trem tá me matando. Lembro que antes era possível nadar e criar nossos filhotes nesse rio sem problemas, mas agora, é tanto lixo que estamos todos assim, mudando até de pele. Como isso incomoda... Penso em sair daqui, mas até meu primo, que mora no oceano pacífico, me enviou um aqua-mail falando que por lá as coisas também não andam nada bem... Eiii!!!!  Onde vamos parar?

CARCARÁ -     (Vestido como um pássaro. Albatroz, garça, carcará... Faz menção de atacar o peixe. Retorna com asco) Ecaa!!! Que bicho é esse?

PEIXE -                        Por favor, não me devore. Não estou muito bem, é capaz de ter uma bela indigestão.

CARCARÁ -     Mas que animal é você?

PEIXE-             Ora!!! Sou um peixe, mas me enrolei por ai em um lixo e como fiquei todo horroroso, todo seboso, todo terrível...

CARCARÁ -     Nossa! Nem parece um peixe... Está cada vez pior. Vou reclamar pro PROCOM, a alimentação está cada vez pior por aqui. Hum!!!!...

PEIXE -                        Precisamos fazer alguma coisa. Mas o que?

CARCARÁ -     Sei lá!!! Quem jogou sujeira aqui?

PEIXE -                        Vamos pensar. (Miss en sene para pensar. Movimentos engraçados, teatrais).

CARCARÁ -     Já sei!?

PEIXE -                        O que?

CARCARÁ -     Não sei!

PEIXE -                        Ah! Pensei... (Enquanto eles pensam, o menino, está sempre jogando algum lixo no palco)

MENINO -       Nossa! Estou me sentindo cada vez pior... O que será que está acontecendo comigo? Preciso descobrir um remédio para melhorar.

(Com grande estardalhaço ATOR 3 sai de cena gritando)

CARCARÁ -     Já sei! Há sei! Já sei!!!!

PEIXE -                        Eu não sei, me diz. O que você sabe?!!!! (Saem os dois de cena. Nesta cena eles irão passar diversas vezes cruzando o palco. O ator 3 deve ser escolhido principalmente pela capacidade e fazer cambalhotas, ele cruza o palco fazendo estrela, plantando bananeira, rastejando como fuzileiro, engatinhando, etc... Esse personagem é um típico personagem de desenho animado. Deve ter bastante desenvoltura. A cada passagem pelo palco, gritando Já sei! O PEIXE grita: continuo sem saber... Serão quatro passagens, na quinta e última o PASSARO vem do fundo do palco fazendo estrela e para de frente para a plateia e grita).

CARCARÁ -     Enfim! Já sei a solução.

PEIXE -                        Me conta!!!! Estou morrendo de curiosidade.

CARCARÁ -     Vamos convocar uma reunião para discutir o problema.

CORUJA -        Reunião? Convenção? Confusão?

PEIXE -                        Não dona Coruja, solução.

CARCARÁ -     Bom dia Dona Coruja. Nós estávamos aqui pensando em como podemos melhorar as condições do nosso meio ambiente. Já sabemos que estão péssimas, cada dia mais aumenta a poluição, o lixo está tomando conta de tudo. Está um sufoco para voar...

CORUJA -        Realmente meus amigos. A vida não está fácil. Mas antes temos que detectar o que está causando tudo isso.

PEIXE -                        Ora dona Coruja... Claro que é a poluição.

CORUAJA -     Óbvio, não é? Mas a poluição não é um ser vivo. Ela não olhou assim para o rio, ou a mata e disse... Eu vou poluir você...

CARCARÁ -     Claro. Quem poderia trazer isso para cá?

CORUJA -        Esse é o “X” da questão. Precisamos discutir quem.

CARCARÁ -     Então está fácil. Temos um representante do ar, um da água... Falta apenas um ser representante da terra para não ficar com jeito de maracutaia.

PEIXE -                        Mas quem? Poderia ser o Sr. Urso

CORUJA -        Esse?! Impossível, está hibernando. Teria que ser outro.

CARCARÁ -     (Cutucando o PEIXE) Que tal? Poderia ser um humano?! Que acha Dona Coruja?

CORUJA -        Humano?        É de perder a cabeça. Mas vamos lá. Alguém conhece algum que possa vir participar... (OPEIXE E O PASSARO apontam para o Pedro).

PEIXE/PASSARO -      Que tal?! Poderiamos tentar.

CORUJA -        Não acho deal mas... (Dirige-se ao menino) Boa tarde seu menino.

MENINO -       Boa trade dona Coruja Falante! (Toma um susto) Coruja falante???!!!!!!!!!!!!!! (Corre. Encontra com o PEIXE. Que também o cumprimenta)

PEIXE -                        Boa tarde menino, podemos conversar?

MENINO -       Aiiiiiiiiiiiii eu devo estar maluco... os bichos estão falando. Socorro, deve ter sido algum produto usado na fabricação desses biscoitos ... (O PASSARO o cerca. O menino para)

CARCARÁ -     Calma! Está tudo bem. Ou melhor... Quase tudo. Se não fosse um probleminha... Quer dizer... Problemão!

MENINO-        Problemão? E o qeu eu tenho a ver com isso?

CORUJA-         Tudo!! Estamos convidando o Senhor para fazer parte numa importante reunião.

MENINO -       Reunião?

CORUJA -        Sim. Estamos com um sério problema e necessitamos unir forças para que juntos possamos encontrar uma saída.

MENINO -       Como assim? Saída? Vocês estão peedidos é? Na floresta?

PEIXE-            Ihhh! Acho que não vai dar certo não.

CORUJA -         Vamos deliberar.

MENINO -        DELI O QUE?

CARCARÁ -      Deliberar, Conversar, dialogar, trocar ideias, todos vão poder falar.

CORUJA-         Bem menino, tudo bem. Decidimos que o Sr. deve participar desta reunião. Pro favor pode sentar.

(Sentam-se todos no chão em meia lua. O peixe mergulha na cachoeira e mantém apenas a cabeça de fora. Submergindo vez por outra. Os outros animais vão chegando mais perto se juntando a reunião. Organizam um ao lado dos outros como em uma sala de reuniões).

CORUJA-         Bem senhores, nossa reunião aqui é para decidirmos o que fazer para descobrir o que está acontecendo cm nossa floresta. Nosso planeta. Tem um animal entre nós que vem destruindo tudo. Precisamos descobrir quem é; Ultimamente está difícil para respirar, para falar, para andar nadar e voar. Então quem começa a falação?!

PEIXE –           Já podemos começar, o porco será o primeiro a falar.

PORCO -         Pelas barbas do capeta, se nós ficarmos parado a coisa vai ficar preta do jeito que as coisa andam, vai acabar o planeta. Já sujaram os sete mares do Atlântico ao mar Egeu, as florestas estão capengas, os rios estão ficando pretos, tudo da cor de breu, ainda por cima dizem que o seboso é que sou eu.

( Os bichos batem palmas, o porco dá com a mão)

MENINO-        Mais eu não sou assim não!

RATO -             “Preste atenção”, eu também já não suporto ter nome de sujo e nem fama de ladrão. Tem gente que mente, rouba, vende a honra, sujas as ruas, espalha lixo no chão e a inda paga as outros para não levar nome de sujão.  Hora só pego as sobras daquilo que o homem come, o resto que ele deixa jogado na rua, e somente o necessário pra saciar minha fome.

(Palmas, gritos e assovios ecoaram na floresta).

VACA-                        Eu convívio com o homem, sei que as vezes ele não presta, é meio mal-agradecido, orgulhoso, inconsciente. Alguns são meio doidos e outros até parecem cegos, e depois, não sente o que a gente sente! vejam só, logo que nasce já sai tomando leite da gente.

(Entre aplausos e gritos, A cobra se levantou, Ficou na ponta do rabo e diz)

COBRA –         É mesmo dona vaca, o homem é mesmo inconsciente, veja meu caso, sou perseguida pelo homem, por todo canto que vou. Imaginem só, pra vocês o homem é ruim, mas para mim ele é pior. Mata a cobra, tira o couro, Come a carne, estoura o fel, descarrega todo o ódio em cima da cascavel.

É tá certo, eu tenho veneno, Mas nunca fiz um canhão, nunca derrubei arvores ou deixei lixo no chão.

E entre mim e o homem, Há uma contradição, O meu veneno é na preza, O dele no coração.

(A cobra inda quis falar, mas, de repente, um esturro.

É que o rato, pulando, pisou no rabo do burro

E o burro partiu pra cima do rato fazendo menção pra dar-lhe um murro.

Mas, o morcego notando que ia acabar a paz, pulou na frente do burro).

MORCEGO -   Calma rapaz!... Baixe a guarda, abra o casco, não faça o que o homem faz.

BURRO -         Desculpe amigos, me perdoem se fui grosseiro, é que eu ando estressado de tanto apanhar do homem sem nunca ter revidado.

RATO -            Seu burro! Você sofre porque quer. Tem força de quatro homens, da carroça é o chofer... Sabe dar coice e morder, só apanha se quiser.

BURRO -         Eu sei que sou melhor do que ele, mas se eu morder o homem ou se eu der um coice nele, é mesmo que está trocando o meu juízo no dele.

(Os bichos todos gritaram: Burro, burro... muito bem!)

BURRO -         obrigado, obrigado, mas ainda tem o cachorro e o morcego que querem falar também.

CACHORRO -  Amigos, todos vocês têm razão... ultimamente o homem perdeu o juízo e vem andando na contramão, é um quebra-cabeça humano sem prumo e sem direção.
Eu nunca vou entender por que o eles são assim:

Se odeiam, fazem guerra, destroem as matas, poluem os rios, sujam as praias, fazem quase tudo quanto é ruim. Há e a vacina da raiva? Em vez deles, dão em mim.

(Os bichos bateram palmas e alguns deles gritavam)

BICHOS-          Vá em frente, vá em frente. Cachorro para presidente.

CACHORO -    Obrigado, gente, mas falta ainda o morcego dizer o que é ele sente.

(O morcego abriu as asas, dá uma grande risada.)

MORCEGO -   Eu sou o único que não posso dizer nada, o homem pra nós tem sido até camarada. Constrói castelos enormes, com torre, sino e altar, põe cerâmica e azulejos, deixa tudo abandonado, sujo e húmido pra gente morar. Nem se lembram que na rua tem muitos deles sem ter onde morar.

(Carcará que estava ao lado do menino percebeu que o local estava ficando cada vez mais sujo. Levantasse e começa a falar.)

CARCARÁ -     Puxa vida! Olhem só o que encontrei... Quanta sujeira... Meu Deus. Taí o que acontece. Está tudo sujo, estão poluindo tudo, sacos de pipocas, biscoitos recheados, pet, plásticos. E o responsável está aqui. Alguém sabe quem casou sujeira? (Acredita-se que a plateia indicará o menino) Então foi você?

MENINO -       Foi sim. Claro, estava me sentido meio mal, com um cansaço, uma dor nas costas... Aí sentei para um lanchinho. Mas tá tudo bem.

PEIXE -                        Ai coitadinho... Que coisa feia.

MENINO -       Eu ontem tive um sonho estranho. Sonhei que era o planeta terra. Sonhei que estava doente, cansado, com dor nas costas. Todo sujo... Uma nojeira. E acordei hoje me sentindo assim. Todo doído, parecendo doente...

CORUJA -        Hum!!!! Tem a ver.   

CARCARÁ -     Já sei!?

PEIXE -                        O que?

CARCARÁ -     Não sei!

PEIXE -                        Ah! Pensei...

CARCARÁ -     Não sei!

PEIXE -                        Ah!!!!!!!! Quer me matar do coração é?

CARCARÁ -     Tudo bem? Tudo bem? Não está tudo sujo, poluído...         Meus amigos. Encontramos o agente causador de tanta poluição.

MENINO -       Não. Eu não sou um poluidor. Isso foi só um saco sem importância.

CORUJA -        Claro que não são sem importância... Já sei como resolver isso. EDUCAÇÃO. Vamos formar a mesa... Menino, percebemos que talvez você não tenha consciência que é um causador de poluição. Então te daremos uma chance de repara o dano.

MENINO -       Eu não sabia. Eu não sabia...

(O menino é colocado em um lugar central da plateia, assistindo tudo. Em cena entra a PROFESSORA BORBOLETA que irá dar uma aula sobre poluição e as consequências disso no meio ambiente e na cadeia alimentícia. Durante a palestra os alunos farão perguntas, os personagens também, Serão projetadas durante a palestra imagens de ambientes poluídos e projetos de despoluição).

PROFESSORA BORBOLETA-       Agora que estamos todos conscientes da importância de mantermos o nosso ambiente livre da poluição, iremos assumir o compromisso em cuidar e manter assim o ecossistema.

MENINO -       Estranho. Estou me sentindo bem melhor. De repente fiquei mais leve, menos cansado...

CARCARÁ -     Claro né meu filho... O ambiente reage dessa forma. Ambiente limpo...

PEIXE -                        Ar puro, rios sem poluição.

CARCARÁ -     Hummmmmm!!! Está me dando uma fome...

PEIXE -                        Ah ... Vai pra lá. Tô afim não.

MENINO -       Que coisa. Agora eu estou entendendo todo mau que causei. Um simples saco de pipocas pode trazer tantos malefícios e problemas ao meio ambiente...  Agora como vocês conseguiram desvendar que o agente poluidor era eu?

CORUJA -        Você falou que teve um sonho... E nesse sonho você era a terra.

MENINO -       Sim...

CORUJA -        Então está explicado.... Você teve um ACESSO NATUREZÍSTICO.

(Os personagens se entreolham sem entender nada)

MENINO -       Que é isso?

CORUJA -        Simples. Como você era o agente poluidor, a natureza resolveu transferir para você os sintomas que o planeta sente. Toda vez que deixamos cair um papel, saco plástico, ou produtos químicos nos rios, estamos agredindo a terra. Daíii...

CARCARÁ -     A natureza transferiu para você os sintomas que o planeta terra sentia.

CORUJA -        Simples assim.

MENINO -       Vixiii, de agora em diante vou cuidar do planeta. Nunca mais deixarei nada largado no chão. 

CARCARÁ -     Já sei!?

PEIXE -                        O que?

CARCARÁ -     Não sei!

PEIXE -                        Ah! Pensei...

CARCARÁ -     Não sei!

MENINO -       Eu sei!

CARCARÁ -     Sabe?

MENINO -       Eu sei!

PEIXE -                        Ele sabe.... Diz logo!

MENINO -       Apesar de saber que eu ajudei a poluir o meio ambiente, eu tenho que ajudar a despoluir.

AMINAIS -      Sim!

MENINO -       Mas é muito serviço...

ANIMAIS -      E daí?

MENINO -       Então eu pensei...

ANIMAIS -      Sim, sim, sim...

MENINO -       Vocês bem que poderiam me ajudar e despoluir tudo né?

ANIMAIS -      Não é de tudo uma má ideia...

MENINO -       Então, com a ajuda de vocês e dos colegas da plateia, nós poderíamos iniciar aqui uma frente de batalha. E formarmos um mutirão para despoluir nosso meio ambiente. Mesmo que seja uma coisa pequena. Será muito importante para conscientizar as pessoas de que devemos cuidar no nosso meio ambiente. E que ao poluirmos, não é só o fato de deixar o local feio e sujo, isso interfere na nossa cadeia alimentar, que interfere na extinção de plantas, aves e animais. Que tal?

ANIMAIS -      Bem pensado. Vamos convocar a nossa força tarefa?

MENINO -       Agora.

ANIMAIS -      Todos juntos!

CORUJA -        (A plateia) Todos juntos?

(No final convidam alguns alunos e professores para formarem a LIGA DE CONSCIENTIZAÇÃO DE LIMPEZA DA TERRA. Esta equipe irá realizar a limpeza de um terreno, ou rua, em alguma comunidade à escolha destes. Esse trabalho será registrado e poderão ser convidados representantes da sociedade e imprensa para acompanhar o evento. Os personagens fazem muita festa, descem a plateia, circulam entre os alunos, distribuem panfletos educativos. Enquanto isso a musica PLANETA ÁGUA do Guilherme Arantes cresce até o final. Os personagens poderiam também cantar. Fica a critério. Os personagens devem estar no palco antes do final da música para os agradecimentos.).

FIM

Rosinaldo Luna

MAIO/2013

 OBS: Disponível para montagem mediante autorização do autor.